Pitacolândia: três fatores eleitorais e uma falta de ideias
Na eleição municipal de 2004, quando o candidato do Amiguzito, então no PDT, perdeu para o Uóston Greys, três fatores foram fundamentais para a derrocada do até então imbatível Rei da Baixada. Como estamos em mais um ano de pleito e como o retornado prefeito talvez possa se candidatar à reeleição, caso não caia nesse pente fino da Ficha Limpa, vale a reflexão puxando pela memória aquele momento da cidade.
O primeiro desses fatores tem a ver com o próprio “jeitinho” digamos, pouco sutil de ser do prefeito. É típico dos governantes autoritários criarem obediência na base do temor e não exatamente do respeito. Sim, porque tem aquela velha máxima: quem bate esquece, mas quem apanha guarda na memória e um dia revida. O que deve ter acontecido muito na época, como ele mesmo acusava no palanques da campanha de ter sido traído por muitos dos amigos e assessores que o rodeavam.
Em segundo lugar vem os péssimos índices da saúde no município. A trupe de assessoria do WR soube usar as pesquisas para canalizar a revolta da população com o caos total no setor, facilmente constatável, bastasse andar pelas filas dos hospitais municipais e postos de saúde. Toda a campanha foi colocando peso nesse problema, prometendo até um novo hospital, e ganhando adesão popular. O tema da Saúde, na verdade a falta dela, foi determinante naquela eleição.
O terceiro fator, em minha úmida opinião, foi a atuação marcial de um grupo na época auto-intitulado Movimento Ideia Viva, formado por pedetistas “históricos” que tiveram que engolir o Amiguzito tomando o partido e empurrando goela abaixo o seu simpático candidato. Além de obviamente mordidos na vaidade, os caras do Ideia Viva são daqueles sujeitos à moda antiga, que pegam o microfone e vão falando até às lágrimas, todos os dias da campanha, em todas as praças, e geralmente evocando a figura do falecido Engenheiro, o titio Brizola. Esses sabem fazer barulho mesmo.
E hoje é isso: não parece que o prefeito venha a encarnar uma versão caxiense do Lulinha Paz e Amor; e o quadro da saúde no município continua tão precário como sempre foi há décadas.
A dúvida é: haverá hoje alguma força parecida com o Movimento Ideia Viva? Ou pelo menos uma Ideia Fixa? Ideia Víbora? Aliás, será que a campanha terá alguma IDEIA NOVA?