No país do preconceito até com plantas, valei-me Santa Bárbara

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Hoje é o dia de Santa Bárbara, onde, para muitos, é a mesma que Iansã, a divindade dos raios, trovões, relâmpagos e tempestades. A espada nas mãos de Santa Bárbara representa o instrumento de seu martírio. Após recusar abrir mão da virgindade, teve os seios decepados e depois degolada a mando do próprio pai.

O culto e o sincretismo de Santa Bárbara com Iansã é o tema central do filme de Anselmo Duarte, O Pagador de Promessas, de 1962. Sincretismo esse a custa de sangue, uma luta de dominação cultural em que o homem de fé não vê diferença entre a santa católica e a orixá.

Explico: na época da escravidão os escravizados eram proibidos de praticarem a sua fé – canto aos Orixás. Então o que eles faziam? “Transformavam” o Orixá em algum Santo da fé católica para que os senhores de engenho não os matassem – Santa Bárbara/Iansã, São Jorge/Ogum etc. Isso é o sincretismo!

Em Portugal, Santa Bárbara é invocada nas trovoadas. Daí o ditado: “Só lembra de Santa Bárbara quando troveja”.

Ah, Santa Bárbara/Iansã é padroeira dos que trabalham com fogo: bombeiros, construtores de túneis, militares e mineiros. As explosões dentro das minas lembram o barulho do trovão, por isso o culto à entidade. É comum encontrar um altar dentro das minas para pedir proteção a esse árduo trabalho.

Mais é bom observar que vivemos num país onde as pessoas tem preconceitos até com plantas! Na foto é a espada de Santa Bárbara. Além de seu uso ornamental, é conhecida como planta de proteção ao mau-olhado, geralmente está na entrada das casas. Ela também purifica o ar, elimina substância tóxicas (em todos os sentidos) do ambiente como benzeno, metanal, tricloroetileno, xileno e tolueno, produzindo oxigênio durante a noite.

Pra mim o significado da espada de Santa Bárbara é proteção e coragem: ela afasta os maus espíritos e concede valentia aos protegidos.

Encontre sua forma de rezar: “Santa Bárbara, que sois mais forte que as torres das fortalezas e a violência dos furacões, fazei que os raios não me atinjam, os trovões não me assustem e o troar dos canhões não me abalem a coragem e a bravura… Por Cristo, nosso Senhor. Assim seja.”


Marroni Alves

Filho da escola pública e de pernambucanos. Nascido no Hospital Duque, mas sempre no Hospital Infantil. Formado em História na FEUDUC, dou aula em pré-vestibular comunitário na Vila Ideal, Jardim Gramacho, Complexo da Mangueirinha e Xerem.

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