Leonel Brizola e Darcy Ribeiro no Sambódromo - Carnaval Rio de Janeiro

Os desfiles das escolas de samba do Grupo Especial do Rio de Janeiro passaram e uma lembrança – ou cobrança – tem que ser feita. Tem 23 anos que perdemos Darcy Ribeiro (1922-1997), 16 anos que Leonel de Moura Brizola (1922-2004) e o Sambódromo já passou dos 30 anos. Brizola na inauguração disse: “Vamos nos sentir profundamente felizes, quando passarmos aí por esse elevado e pudermos observar as crianças brincando aqui dentro ou assistindo aula, lá nas dependências dos edifícios da passarela”. Infelizmente os meios de comunicação insistem em dizer que o sambódramo chama-se: Marquês de Sapucaí, um equívoco! Na verdade, essa é a avenida onde passam os automóveis fora do período de Carnaval. O sambódromo chama-se: Passarela Professor Darcy Ribeiro! O termo “Sambódromo” foi dado por Darcy, a partir da junção de “samba” com o sufixo de origem grega “dromo”, que significa “convida, lugar para correr”.

No primeiro governo de Brizola (1983-1987), o Vice-Governador e Secretário de Cultura Darcy Ribeiro recebeu uma missão: fazer a primeira grande obra do governo. Escolheu atender o sonho dos bambas do Carnaval: construir um local definitivo para o desfile das escolas de samba. Naquele período (anos 80), a cidade do Rio parava durante dias para montagem dos carros alegóricos, arquibancadas feita de tubulares, o desfile, a ida e volta dos carros alegóricos para os barracões… Era um caos em plena Avenida Presidente Vargas!

Darcy então projetou o local para que servisse o Carnaval e ainda, acrescentou a salvaguarda para os críticos que ganhavam com o caos: colocar escolas em tempo integral – os Brizolões – por baixo das arquibancadas. Pensou ele: “Já que as escolas param no Carnaval, aqui terá uma, que emprestará suas salas ao mundo durante os dias de folia.” O Sambódromo ficaria em atividade o ano inteiro!

Ninguém acreditava que o Sambódromo ficaria pronto para o Carnaval de 1984. A Rede Globo desacreditou tanto a obra, que os direitos de transmissão foram para a TV Manchete. Antes, se envolveu no Escândalo do Proconsult. Quem desacreditou, esqueceu que o projetor da obra, era o recém chegado ao país do exílio Oscar Niemeyer.

Resultado: em quatro meses o sambódramo foi inaugurado e a Estação Primeira de Mangueira, a supercampeã. Contei tudo isso, para lembrar que o legado de Brizola e Darcy ainda vivem. Se a educação está renegada, imaginem se Brizola e Darcy, não tivessem feito os 513 CIEP’s? Quanta crianças ficariam fora da sala de aula hoje? Eles fazem muita falta!

Todo carnaval me pergunto: porque ainda nenhuma Escola de Samba do Grupo Especial que foram tão prestigiadas por Brizola e Darcy, não tiveram coragem de fazer um enredo para homenagear esses grandes homens públicos e fundamentais para termos o maior espetáculo da Terra? Em 2009, a Mangueira fez uma homenagem ao Sambódromo e sutilmente lembrou Darcy. Em 2009, a Inocentes de Belford Roxo fez a homanagem a Brizola no grupo A, mas alguém lembra? O Grupo Especial ainda deve esse reconhecimento aos pais do Sambódromo. Lembrando e sonhando, ainda veremos uma escola de samba ter essa coragem!


Marroni Alves

Filho da escola pública e de pernambucanos. Nascido no Hospital Duque, mas sempre no Hospital Infantil. Formado em História na FEUDUC, dou aula em pré-vestibular comunitário na Vila Ideal, Jardim Gramacho, Complexo da Mangueirinha e Xerem.

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