Ismélia da Silveira, a avó de todas as crianças atendidas no primeiro hospital infantil da Baixada
Neste domingo (14/03), a Baixada Fluminense e em especial a cidade de Duque de Caxias, recebeu com muito pesar a notícia do falecimento da eterna primeira-dama do Estado do Rio de Janeiro, dona Ismélia da Silveira, aos 91 anos.
*Ismélia Saad Silveira* era natural de Bom Jesus do Itabapoana, no norte fluminense, e se casou aos 21 anos com o ex-governador Roberto Silveira (1959-1961), que tinha 28. Foi primeira-dama do antigo estado do Rio de Janeiro, anterior à fusão com a cidade-estado Guanabara, e que tinha capital em Niterói.
Dona Ismélia acompanhou a curta trajetória política de Roberto Silveira, que foi deputado estadual por duas vezes, vice-governador e, em seguida governador por dois anos do Estado do Rio de Janeiro, até morrer tragicamente em um acidente de helicóptero, em 28 de fevereiro de 1961, aos 37 anos, mas antes foi o responsável por fazer cair água nas bicas do primeiro distrito de Duque de Caxias.
Muitos não sabem, mas o primeiro hospital infantil da Baixada Fluminense, em Duque de Caxias, chama-se Ismélia da Silveira, que foi madrinha e responsável por sua construção. Em 23 de agosto de 1970, o então Prefeito Dr. Moacir do Carmo e sua esposa Valéria do Carmo, inauguram o Hospital Infantil Ismélia Silveira com a presença do vice-governador Ely Ribeiro, a própria dona Ismélia Silveira e o Senador Vasconcelos Torres.
O primeiro hospital infantil público da Baixada, o Ismélia da Silveira, surgiu a partir de um grupo de amigos que se preocupavam com a falta de atendimento às crianças, o que elevava o índice de mortalidade infantil na Baixada Fluminense, a níveis só registrados em casos de guerra civil.
Para tanto, o médico Moacyr do Carmo, o jornalista Ruyter Poubel e o professor e músico Nelson Cintra, idealizador do bairro Jardim Primavera, no segundo distrito, criaram a Associação das Companheiras da Criança, que alugou um antigo salão de bilhar num sobrado na Av. Nilo Peçanha, esquina com a rua Etelvina Chaves, cujo aluguel era fruto das contribuições de centenas de pequenos empresários, que aderiam ao projeto de construção do primeiro Hospital Infantil da Baixada.
Além de apoio de lideranças políticas e empresariais, o prefeito Moacyr do Carmo conseguiu uma madrinha de peso, a então primeira-dama do antigo Estado do Rio, dona Ismélia da Silveira. Com uma verba destinada a ajudar obras sociais no antigo Estado do Rio, a esposa do governador Roberto Silveira garantiu o funcionamento até que, depois de eleito prefeito (1966), o Dr. Moacyr do Carmo desapropriou uma área entre a estrada de ferro e a Av. Presidente Kennedy, assumindo, para o município, a responsabilidade de manter o primeiro hospital infantil público da Baixada Fluminense, que recebe pacientes dos municípios vizinhos e até da Zona Norte e subúrbios do Rio de Janeiro.
Na eleição seguinte à morte de Roberto Silveira, viu o irmão do ex-marido ser eleito governador do estado: o delegado Badger da Silveira, que também foi prefeito de Niterói por quatro mandatos. Aguerrida, corajosa, generosa, criou os três filhos, entre eles, o ex-prefeito de Niterói, Jorge Roberto Silveira com dignidade. Viveu uma vida simples, discreta e sempre no mesmo apartamento em São Francisco, em Niterói.
Ismélia da Silveira mais que primeira-dama, encarnou a mãe de todas aquelas que viu desesperadas em busca de um atendimento pediátrico para seus filhos. Fica marcada na história da Baixada Fluminense, como a avó de todos as crianças (me incluo) atendidas, operadas e salvas pelo famoso “Hospital Infantil”.