E partiu o Velho Menezes…
Pra mim era sempre uma aula prazerosa e um papo divertido cada encontro com o Velho Menezes, pelo jeito dele falar, pelo modo como conduzia as conversas e pela quantidade de coisa que o cara viveu e conheceu nessa encadernação.
Newton Menezes, lendário militante, comunista da melhor estirpe, com uma incrível história de lutas, educador, pensador social, perseguido político, pai de duas figuras queridas, Letícia e Maurício.
Exímio contador de causos e histórias, encontrar com ele e poder ouvi-lo era sempre uma delícia e houve épocas que passei horas da minha vida ouvindo ele falar sobre política, sobre Caxias, histórias sobre a ditadura militar, sobre Solano Trindade, sobre Barboza Leite, sobre a Petrobras, sobre a incrível célula do Partidão aqui na cidade. A primeira vez foi no antigo Mira Serra, onde lembro que saí impactado com tanta informação vindo daquela cabeça privilegiada, já branca em meados dos anos noventa.
Escreveu um livro, junto com Rogério Torres, Sonegação, Fome e Saque, que colocou luz em um episódio de grande relevância pra entender o ambiente que levaria ao golpe de 1964 e a formação dos grupos de extermínio no Rio (vale assistir ao filme 1962, o ano do Saque, de Rodrigo Dutra e Victor Ferreira, baseado no livro).
Poeta também, recentemente encontrei um poema lindo dele publicado num livro FotoPoética, de 1980, de Barboza Leite e Rogério Torres, dois parceiros de vida e e lutas.
Newton Menezes vinha lutando contra um câncer e partiu nesse domingo aos 89 anos, deixando uma legião de admiradores.
Velho Menezes, vai na Paz!
Imagens:
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