Nos anos 70 eu já era adolescente na minha Vila São José. Havia um Clube, o da Fundação, no final da rua onde eu morava, a 20. Como eu era o camisa 8 do infanto juvenil do Fundação São José Esporte Clube, podia entrar, mesmo sendo de menor. Muitos cantores e conjuntos se apresentavam ali, porém os de maior presença eram Os Devaneios, Os Labaredas e Os Maracajás.
Nestes dois últimos, era “crooner” Arlindo Coutinho, grande galã da rádio Difusora de Caxias. Amigo de Jerry Adriani. Assim foram-se os anos. A jovem Guarda se acabou, eu cresci de “marré marré de ci…” Percorri tantos caminhos, um dia, como Claudio Aragão, voltei pra Vila de São José, e pra mesma rua e casa; Rua 20 casa 8. Era eu um Escritor mas com a alma presa à Vila de São José. Passava horas escrevendo. Jogando futebol, ouvindo Jorge Aragão voltando a ser o menino Tonho filho de Dona Graça e Seu Domingos…camisa 8 do Fundação São José E.C.
Só que aos domingos, seguia eu para o “Castelinho do Gramacho”, onde uma seresta dançante com vários cantores, se apresentavam. O saudoso e refinado Paulinho “Ah, muleque!”, fazia as honras da casa. Um dos que davam canja lá era justamente o consagrado Arlindo Coutinho, morador do Gramacho. Entre tantos sucessos da Jovem Guarda, um me fazia pedir Bis; “Eu não presto mas eu te amo”, eternizada na voz de Demetrius e composta apenas por Roberto Carlos, antes da coroa e do stress. A pista enchia e Paulinho “Ah, muleque ” sorria.
E toda vez que que estava lá, com minha Brahma e meu bolinho de bacalhau, o amigo Arlindo anunciava: “Essa é pro Poeta!” E lá vinha “Eu não presto mas eu te amo…”
Em 2016 publiquei um livro de memórias sobre a Vila São José. No capítulo dos clubes da Vila e suas atrações, falei de Arlindo, Maracajás e Labaredas em versos. No lançamento ele esteve presente, ganhou um livro e se emocionou ao ver sua foto eternizando-o.
Dez dias afastado da Vila, fazendo trabalhos Culturais em Búzios a convite do Prefeito, soube lá que a cortina se fechou e meu amigo Arlindo Coutinho deixou o palco.
Hoje á noite irei a qualquer seresta no Gramacho e pedirei “Eu não presto mas eu te amo” e também que o cantor ofereça a canção a Arlindo Coutinho.

(C.A.)


Cláudio Aragão

Escritor com mais de 15 livros publicados

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