Carlos Muttalla, um gigante da arte e da vida

Perdemos o gigante Carlos Muttalla, bailarino, coreógrafo, ator, produtor, um sujeito de um talento incrível, um ser humano sensacional, alto astral, um amigo querido. E uma referência importante para a Dança no Rio e presença marcante da Arte e da Cultura em Caxias.
Tá puxado, viu? Clima de doença no ar, louvação da morte e do massacre por parte desse fascismo aí no poder e ainda perdemos uma pessoa como esse cara… Difícil.
Conheci Muttalla, Carlão como a gente chamava ele na época, no programa da Animação Cultural, dentro do Programa Especial de Educação, que rolava nos Cieps, no governo Brizola. Trabalhamos juntos e pude perceber que ali dentro daquele corpo dedicado à dança tinha uma pessoa vibrante e de uma energia envolvente, sempre lá em cima. No Instituto de Educação todo dia era dia de alegria em trabalhar com ele lá.
Nasceu no Maranhão e chegou em Caxias na adolescência, onde se radicou. É daqueles tipos maranhenses que são irresistíveis, que no jeito de falar, sorrir e tratar já te encantam pra sempre.
Levou a dança afro a lugares que talvez não tivesse chegado não fosse sua abnegação (aliás, nos anos 1990 ele e Valéria Monã foram figuras fundamentais no Rio de Janeiro para uma geração que quis se iniciar na dança afro). Dançou e encantou plateias em vários lugares do Estado. Quando se criou em Caxias uma Companhia municipal de Dança, foi ele que dirigiu, deu cara e pegada para a empreitada. Um grande momento da cidade que infelizmente não teve continuidade.
Atuou em diversas peças também e era uma figura do Carnaval, onde sempre deixou sua marca de coreógrafo e brincante.
Muttalla vai fazer falta por aqui nesse plano. Vitimado por um câncer agressivo, aos 62 anos, deixa uma legião de fãs e amigos carentes de seu sorriso largo e contagiante.
Valeu por tudo, “meu nego”! Muita luz no teu caminho e viva a Arte, essa coisa boa que você tanto semeou e que tantos frutos bonitos estão espalhados por aí.