Final das férias e das festas de São João. Sempre que vou ao nordeste fico especialmente tocado, pois é de lá que veio minha família para se instalar na Baixada Fluminense, em meados do século XX. A invenção do modo de vida sertanejo e riqueza cultural da região me encantam.

De todas aos coisas que vi nas últimas semanas, fico com a foto acima. A estação de trem de Campina Grande (PB) foi criada em 1907 para levar o algodão do interior/sertão para a capital João Pessoa, e de lá para o mercado europeu. A chegada do trem no início do século foi um marco no desenvolvimento urbano, econômico e social de Campina. O trem de passageiros foi desativado nos anos 1980 e hoje funciona na estação o museu da “civilização do algodão”.

Num país em que ainda estamos aprendendo a cuidar do nosso patrimônio histórico e cultural, estou convencido da necessidade de reinventarmos a forma como enxergamos as ferrovias e o seu papel na desenvolvimento das cidades. Principalmente quando falamos em periferia metropolitana. No caso do Rio, que precisa promover descentralização econômica e fortalecer outras centralidades na metrópole, as estações do trem e o seu entorno são paradas obrigatórias! Enxergar o Rio pelos trilhos do trem é uma forma de incluir a periferia no mapa mental e no mapa de investimentos (pós-crise).

 


Henrique Silveira

Henrique Silveira é geógrafo, cofundador da Casa Fluminense e autor do livro “Rio por Inteiro: reflexões sobre a cidade metropolitana”.

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