Mais um 17 de Abril pra Refletir

Hoje é um dia cheio de lembranças dramáticas, e infelizmente significativas, para o país. Foi em um 17 de abril, em 1996, que aconteceu aquilo que ficou conhecido como o Massacre de Eldorado dos Carajás, no sudeste do Pará, onde a polícia militar atirou a sangue frio contra uma multidão, assassinando 21 camponeses, 19 mortos no local do ataque, e outros dois que faleceram no hospital.
Um total de 155 policiais participaram da operação. É por conta desse episódio que hoje é o Dia Internacional da Luta Camponesa.
20 anos depois, em 2016, foi a vez de um 17 de abril revelar para o mundo, em tevê aberta, o nível de podridão da maior parte do legislativo brasileiro.
Era a votação da admissibilidade do pedido de impeachment da presidenta Dilma Roussef, em um golpe jurídico-midiático-parlamentar na cara dura, numa sessão comandada por eduardo cunha, “um ganster” no dizer do deputado Glauber Braga na ocasião, na lata do sujeito.
Um golpe que seria consumado poucos meses depois; tão descarado que não tiveram coragem sequer de aplicar inelegibilidade para a Dilma, admitindo que não tinha nada a ver com as tais pedaladas fiscais ou algum crime de responsabilidade. Foi derrubada pelo “conjunto da obra”, como vários salientaram.
As vísceras do país expostas ao mundo. O real retrato do país dos coronéis, dos filhos dos coronéis, dos capitães do mato e da bizarra bancada que se diz evangélica. Capitanias hereditárias que mantém o poder a base de bala, corrupção, apropriação da coisa pública (res publica), concentração de terras e de renda.
E foi nesse dia, nessa cerimônia de horror, que as portas do inferno fascista se abriram após um
deputado, em alto e bom som, repito, em tevê aberta, homenagear um torturador da pior espécie de lixo humano – e não sair, no mínimo, preso. Deputado do baixo clero, um vagabundo que nunca trabalhou na vida e que viria a presidir o país.
Nesse dia, 17 de abril de 2016, além de todo o horror daquele espetáculo – tosco, machista, escravocrata, autoritário – foi triste ver a menção à tortura tão naturalizada e até louvada por pessoas que conheço, incluindo conhecidos, parentes – e até algumas pessoas próximas.
Hoje é dia 17 de abril de 2025 e ainda não temos uma reforma agrária urgente; lideranças indígenas ainda são assassinadas nos rincões do país; o Congresso ainda é de maioria contra o povo e a soberania nacional e pra piorar o nazi-fascismo nos espreita de pertinho, com suas garras sujas de sangue sedentas por derrubar nossa frágil democracia.
Não dá para esquecer que a luta é pra sempre e é preciso seguir vigilantes.
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[ @heraldohb – pitacolândia – abril de 25 ]