Pitacolândia: a juventude como indicador de novos rumos possíveis
Dos fatores que demonstram que Duque de Caxias vive um momento especial de esperança em transformação, o principal deles certamente não está ligado à economia ou a qualquer outro desses índices que os burocratas tanto gostam de propagar (quase sempre maquiando números ou surfando no trabalho alheio). O principal fator desse alento está ligado a um aspecto moral intimamente conectado à juventude da cidade.
Isso porque há décadas que Caxias tem um dos maiores orçamentos do país e recebe empreendedores de fora que enxergam rapidamente que aqui tem tudo para ser uma terra de oportunidades. E também não é de hoje que a pujança econômica das atividades ligadas ao petróleo naturalmente criam um aquecimento econômico em seu entorno e em forma de impostos. Então, não é por causa de nada disso.
Sim, o assunto é chato de se tocar, mas é de fácil percepção. Uma das maiores desgraças desta terra de Lima e Silva é o fato de que durante décadas a juventude local pouco se envolveu com os rumos da cidade, com o desejo de criar aqui um espaço de cidadania, com planejamento e melhores condições de vida. Sempre houve um sentimento e um desejo de se “melhorar de vida” e se mudar para a cidade do Rio de Janeiro, principalmente quando a galera começa a entender como Caxias tem administrações toscas, políticos ridículos e falta total de visão de futuro.
Pelo menos esse sempre foi o movimento em massa principalmente dos universitários moradores, apesar das honrosas e destacadas exceções. Só nas últimas décadas esse movimento parece estar se invertendo ou equalizando. O Pré-Vestibular para Negros e Carentes (PVNC), por exemplo, foi uma das primeiras iniciativas que criou um sentimento de retorno à cidade, isso em meados da década de 90.
Com o início do século, e principalmente nesta década, a Internet tem tido uma importância fundamental para que a juventude descobra que a cidade não é só mediocridade, e que há muita gente aqui partilhando sonhos, desejos e perspectivas. Hoje é possível saber que há por aqui uma história rica, há uma pujante Mata Atlântica, talentos na Cultura e na Ciência e um caldo grosso humano que vem justamente da formação do povo, misto de várias partes do país.
Mesmo com governos corruptos e/ou falidos, esse sentimento de descoberta vem crescendo a olhos vistos. Apesar de nulidades como a massa do Legislativo nesses anos todos, há gente querendo voltar à cidade para construir e participar; há uma molecada querendo intervir na vida da cidade para melhorar, querendo ver os milhões de arrecadação sendo direcionados para a qualidade de vida e não patrocinando mansões na Barra.
Mesmo continuando com uma classe política vergonhosa a impressão nas ruas é que há no ar um clima de revolta e vigor – típicos da natureza historicamente transformadora da juventude. Que essa energia consiga criar uma reviravolta nesse cenário desolador em que Duque de Caxias se encontra.
Amem e amém.
Também vivo um pouco esse dilema: Ir ou não ir para o Rio de Janeiro?
Ainda estou em Caxias City, mas a dúvida permanece.
Meu desejo é ficar nessa cidade, contribuir na construção de coisas legais, com pessoas inteligentes e comprometidas que sabemos que existe por aqui.
Mas parece que tem algo mais obscuro nessa história. Talvez uma cabeça de bode enterrada na praça do pacificador ou uma amarração espiritual entre a REDUC e o sangue dos grupos de extermínio locais… Sei lá!!
O fato é que existe uma energia negativa – pesada e real – que TRAVA a capacidade da sociedade caxiense de REINVENTAR uma nova narrativa sobre si mesma.
Em algum momento, a correlação de forças vai mudar e a potência das novas ideias e da juventude irá provocar mudanças reais na cidade. Minha questão é: Qual a distância estamos até o ponto de RUPTURA com as forças arcaicas e retrógradas desse tecido urbano?
Ótimo texto. Parabéns!
uma honesta e generosa análise.
proposições de sonhos reais.
eu também voltarei, aguardem. rs.
=P