Cenários – samba de Catoni e Jorge Mexeu, na voz de Paulinho da Viola
Cenários – samba de Catoni e Jorge Mexeu na voz de Paulinho da Viola. Disco de 1978.
Letra:
União de Jacarepágua
É uma agremiação que saúda de coração
Império do Marangá
Aprendizes de Lucas
Capela, Unidos da Tijuca
Mocidade Independente
Cartolinha de Caxias
Império Serrano com muita gente
Acadêmicos de Vaz Lobo, União do Centenário
Oswaldo Cruz, sabem apresentar cenários
Portela, vive de glórias em Madureira
Começa o romper da Aurora, o samba lá em Mangueira
Acadêmicos do Salgueiro, Bento Ribeiro e outras mais
São orgulho do samba brasileiro
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O samba Cenários, gravado por Paulinho da Viola no disco homônimo de 1978, traz umas informações muito curiosas a respeito de como Duque de Caxias estava totalmente envolvida no universo do samba até o final dos anos 1970, com conceito alto.
A autoria de Jorge Mexeu e Catoni, por exemplo, mostra como os sambistas circulavam de verdade pelas escolas, promovendo uma integração importante para a consolidação do gênero no Rio de Janeiro. Catoni, gênio representante da ancestralidade banto, era compositor da União de Jacarepaguá e posteriormente ligado à Portela, morador de Nilópolis, e foi um verdadeiro baluarte.
Jorge Mexeu, profícuo compositor, também era da ala de compositores da União de Jacarepaguá, foi figura carimbada em várias agremiações e muito querido pelos que o conheceram.
Cenários canta de forma sinuosa esse universo das escolas que eram referência fora das consideradas grandes. Citar a Cartolinhas de Caxias e a União do Centenário é como um testemunho do prestígio que as agremiações caxienses gozavam no meio do samba.
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Pica Pau
Quem é caxiense e anda pela noite da cidade não tem como não conhecer Jorge Pica Pau, uma das figuras da cidade, um boa-praça que já foi comerciante dono de bar, trabalhou na feira, foi craque de futebol e é uma das divertidas presenças nas rodas sociais populares.
Pois bem, Pica Pau conta que no final dos anos 70 estava trabalhando no interior do Paraná, longe de sua terra e se emocionou muito no dia em que ouviu Cenários pelo rádio. Segundo ele, ouvir falar na Cartolinhas e na União do Centenário pela voz do grande Paulinho da Viola tão longe de casa trazia uma alegria que amortizava um pouco a saudade. E ainda tirava uma onda com os companheiros de trabalho que caçoavam do fato dele ser dessa cidade abandonada, Duque de Caxias, tão estigmatizada naqueles anos 70, época tenebrosa, onde a fama por aqui era das piores.
Cenários, na gravação de Paulinho da Viola, deu uma levantada na moral de muitos caxiense naquele momento…
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Muito bom. Fiquei fascinado!
Tem um trajeto, um riscado por onde andavam os sambistas!