Uma Lembrança de Batistinha
Aos meus 16 anos a ditadura tinha acabado há pouco e eu e uns amigos moleques chegados tínhamos alguns herois além daqueles clássicos do rock (Hendrix, Janis, Raul…). Começamos muito cedo a se interessar por política, lendo muito, conhecendo gente e tateando a vida tentando se situar naquele momento tenso do país.
Um desses herois, principalmente pra mim, era o Batistinha, Demistóclides Baptista, ferroviário, um grande lider operário do país, um sujeito muito especial no trato e na história de vida.
Lembrei dele hoje porque conheci um velhinho há pouco em um botequim e, ao puxar uma prosa, me contou pedaços de sua vida, incluindo o fato de ter convivido com o Batistinha na antiga RFFSA. Gosto muito de conversar com velhinhos, ainda mais velhinhos comunistas, espécime cada vez mais rara. Abri uma exceção e tomei até um conhaque de saideira com ele, Seu Augusto, e fui pra casa com essa lembrança legal na mente.
Ao chegar, fui ao Google pesquisar e descubro que Batistinha também era de Cachoeiro de Itapemirim, no Espírito Santo, terra de dois caras que também fizeram muito minha cabeça, Sérgio Sampaio e Rubem Braga. (Roberto Carlos também é de Cachoeiro, mas deixa quieto…). O lugar deve ter uma água muito boa.
Batistinha foi assassinado nos primeiros anos da década de 90 em circunstâncias nunca esclarecidas. Era de fato um grande cara.
Memória é um troço muito louco.