Um pouco sobre auto-imagem cultural nessa sexta-feira
Quando a gente criou o cineclube Mate Com Angu lá atrás, em 2002, o principal mote que a gente falava sempre tinha a ver com ajudar a cidade de Caxias e a Baixada a pensar suas auto-representações. Pensar imagens, provocar imagens, cutucas as pessoas sobre produzir imagens. (Além, é claro de objetivos também bastante nobres como ver filmes e tomar cerveja juntos).
Pois bem. Nesse tempo, o processo de construção/reflexão de imagem na cidade explodiu como uma bomba e tem sido sempre legal ver esse sentimento brotando nas mentes de várias pessoas, grupos, coletivos, nas mais variadas áreas.
É uma introdução pra dizer que no dia de hoje, 04/12/15, vão rolar dois lançamentos que são muito emblemáticos quanto a essa coisa de ter a imagem como centralidade. Um é a abertura da exposição Lentes da História, de Filipo Tardim, nas comemorações dos 10 anos do Museu Vivo do São Bento; e outro é o lançamento da revista e da animação do Detrito, um dos herois baixadianos criados pela Capa Comics.
Filipo é hoje uma das referências em termos de imagem de Duque de Caxias, cidade que vem retratando com ênfase em seus aspectos naturais, culturais e históricos. Com destaque para fotografias do terceiro distrito da cidade, região que abriga pedaços importantes e desconhecidos de Mata Atlântica original. Os álbuns do G+ dele são fundamentais, vale procurar e dar uma navegada.
Já a Capa Comics, além do gibi solo do heroi Detrito, escrito pelos caras Alex Genaro, Cristiano Ludgerio e João Carpalhau, lança hoje o curta de animação A Vingança do Detrito, que promete.
Uma revista de animação com roteiros referenciados na região e com gente daqui é por si só, um sintoma de alento, uma prova de que mesmo quando não se tem apoio, a coisa tem força.
Tem a música que diz que Narciso acha feio o que não é espelho, mas há de se pensar que não se constroi nada, principalmente cidadania, quando um lugar não se vê de verdade fora dos estereótipos limitadores e infelizmente banalizados.