Pitacolândia: o dedo nervoso e o caso da desaparecida…
Existe um caso de desaparecimento de uma mulher naquela cidade mítica da Baixada que era até recentemente um mistério policial sem solução. Mas, por meio de muita investigação e fortes trabalhos espirituais, esta história finalmente veio à tona, pondo fim a um mistério que intrigou a sociedade local e os bastidores da política. Vai lá.
Diz que o sujeito era notório dedo nervoso, matador reconhecido pelos bons serviços prestados à arte primitiva da pistolagem histórica na cidade. Famoso pela pontaria e pelo cumprimento da palavra. E a mãe do sujeito, coitada, vivia com aquela angústia de ter um filho temido, tanto que passou a evitar recebê-lo em casa.
Devido ao talento nato nas habilidades de despachar desafetos e cumprir religiosamente com as encomendas de almas feitas pelos poderosos da cidade, não deu outra: fez sucesso na política.
Mas, mesmo com o patrimônio e o prestígio político crescendo, o personagem vivia cada vez mais encucado com a distância de sua velha mãezinha e estava decidido a mudar de vida. Sim, estava resolvido a abandonar de vez a vida de exterminador, aposentando o carro do bicho e suas temidas peças de trabalho, a começar pela sua amada 45, que por tantas vezes o acompanhou na rotina cansativa da profissão.
E pensava também que, agora usando esse terno e gravata e dando entrevista para os jornais que o bajulavam, não pegava bem aparecer com a cintura grossa, aquela imagem tosca de matador de quinta categoria.
Mas, vejam bem, não podia vacilar, vocês sabem como é esse negócio de política. Convinha ter sempre por perto algum outro profissional do gatilho para os casos de defesa pessoal e de chega-pra-lá nos desafetos que cismavam em tentar atrapalhar sua tão bem sucedida vida política onde, essas abstrações como ética e bondade não são exatamente matéria-prima para bons mandatos.
Mas, a decisão já estava tomada: largaria a antiga profissão por causa da mãezinha e iria pedir perdão a ela pessoalmente, custe o que custar. E aí é que deu ruim.
Aproveitando que faltavam alguns dias para o aniversário da mãe, o sujeito liga para a residência dela e começa: “- Mãe, seu dia tá chegando…”
Resultado: ouvindo a frase fatídica, a velha arrumou a mala e se mudou às pressas, sem deixar endereço e nunca mais apareceu pela área…
(*) Pitacolândia é uma coluna semanal publicada também no Jornal de Caxias.
.
é, malandro, a mãe do ferrabrás deu no pé. muito boa a história. eu gosto de contos pequenos. valeu!