Pitacolândia: Carnaval caxiense
A aproximação do Carnaval traz umas reflexões bastante interessantes sobre a Cultura em Duque de Caxias, principalmente quando se entende a Cultura como expressão viva de um povo – e não apenas a visão de eventos de entretenimento.
Com o ressurgimento das cinzas do Carnaval de rua no Rio de Janeiro na virada dos anos 2000, muita gente na cidade aqui passou a se perguntar o que teria sido feito do Carnaval caxiense, das escolas, dos blocos, dos bailes, das festas de rua.
Sim, acredite: a cidade tem uma rica história em se tratando de samba. Mas, incrivelmente, esta história foi ficando quase inacessível, junto com tantas outras sufocadas por anos de abandono desde a ditadura militar.
Temos a Grande Rio como uma das potências do Carnaval carioca; mas ela é grande como é grande o Carnaval das escolas do grupo especial hoje, com todos os seus interesses e contratos e expectativas e coisa e tal. Ou seja: é bom, mas também não dá conta da riqueza que vêm do passado (nossa História) e da urgência festiva do presente.
Os ventos de mudança que vem soprando têm aos poucos revelado o caudaloso rio que passava por essas bandas; um resgate acontecendo muito graças aos pesquisadores que têm se esforçado em registrar tudo e graças aos bambas baluartes que não deixam a peteca cair. É como se as fichas estivessem caindo e cada vez mais pessoas estivessem se perguntando: e aqui? Como era aqui?
É mais do que na hora de trazer à tona a grande academia de fazer samba bonito que era o Rolo Compressor; registrar o Bloco do China e sua tradição; falar da União do Centenário, Capricho, Unidos da Vila São Luis…
Sem contar a Cartolinhas de Caxias, capitaneada por Seu Hélio Cabral, verdadeiro craque da elite do samba no país, infelizmente ainda não colocado no seu devido lugar .
O falecido pesquisador ,e compositor de mão cheia, Jair Lobo sempre dizia que a semente aqui era muito boa, o que faltava era um mínimo de carinho para o cultivo. Talvez as novas gerações estejam redescobrindo esse universo e talvez a cidade possa vir a ressurgir no rico cenário do samba nacional.
(*) Pitacolândia é uma coluna semanal publicada também no Jornal de Caxias.
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o carnaval e popular e a cidade de Duque de Caxias e do povo