O papel de uma secretaria de Cultura por Chico César – uma boa reflexão
As sacadas e as experiências vividas pelo cantor e compositor Chico César na gestão da Secretaria de Cultura da Paraíba sempre me trazem um gostinho de “é por aí que a coisa pode ir”. Discutir o papel das secretarias de Cultura é uma das prioridades pra o negócio andar de verdade, sem caozadas e conversas fiadas.
Esse fragmento de entrevista foi pinçado da Internet, infelizmente não sei o crédito de quem editou o trecho. Mas é um trecho muito preciso e resume muito do que penso sobre o assunto (e vários aqui na Lurdinha também).
Abaixo, ainda tem a nota pública que ele escreveu no episódio em que foi duramente criticado por setores incomodados com a franqueza de suas opiniões e ações frente àquela pasta, no episódio do veto de dinheiro público ao “forró de plástico.”
Como sempre, há os que acham que ele deixou a desejar como gestor público. No meu caso, além de ser um fã do sujeito como músico, essa experiência dele me inspira bastante nessa nossa peleja diária pela Cultura em Caxias.
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Nota pública (2011)
“Tem sido destorcida a minha declaração, como secretário de Cultura, de que o Estado não vai contratar nem pagar grupos musicais e artistas cujos estilos nada têm a ver com a herança da tradição musical nordestina, cujo ápice se dá no período junino. Não vai mesmo. Mas nunca nos passou pela cabeça proibir ou sugerir a proibição de quaisquer tendências. Quem quiser tê-los que os pague, apenas isso. O Estado encontra-se falto de recursos e já terá inegáveis dificuldades para pactuar inclusive com aqueles municípios que buscarem o resgate desta tradição.
São muitas as distorções, admitamos. Não faz muito tempo vaiaram Sivuca em festa junina paga com dinheiro público aqui na Paraíba porque ele, já velhinho, tocava sanfona em vez de teclado e não tinha moças seminuas dançando em seu palco. Vaias também recebeu Geraldo Azevedo porque ele cantava Luiz Gonzaga e Jackson do Pandeiro em festa junina financiada pelo governo aqui na Paraíba, enquanto o público, esperando a dupla sertaneja, gritava ‘Zezé cadê você? Eu vim aqui só pra te ver’.
Intolerância é excluir da programação do rádio paraibano (concessão pública) durante o ano inteiro, artistas como Parrá, Baixinho do Pandeiro, Cátia de França, Zabé da Loca, Escurinho, Beto Brito, Dejinha de Monteiro, Livardo Alves, Pinto do Acordeon, Mestre Fuba, Vital Farias, Biliu de Campina, Fuba de Taperoá, Sandra Belê e excluí-los de novo na hora em que se deve celebrar a música regional e a cultura popular.”
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Pra sacar a polêmica:
Chico César enfrenta problemas como secretário de Cultura da Paraíba
http://www1.folha.uol.com.br/ilustrada/912302-chico-cesar-enfrenta-problemas-como-secretario-de-cultura-da-paraiba.shtml
Secretário de Cultura Chico César critica “forró de plástico” e acende polêmica na Paraíba
http://virgula.uol.com.br/ver/noticia/musica/2011/04/19/273723-secretario-de-cultura-chico-cesar-critica-forro-de-plastico-e-acende-polemica-na-paraiba
A polêmica sobre o “forró de plástico”
http://www.advivo.com.br/blog/luisnassif/a-polemica-do-forro-de-plastico
O site do cara:
http://www.chicocesar.com.br/index.php
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Corretíssimo o posicionamento de Chico César, grande artista popular, sertanejo da gema, da terra “onde o homem e o bode berra”, praça de guerra de bravos lutadores e lutadoras, que são antes de tudo fortes. E um dia, veremos, o povo vai se transformar de boiada em boiadeiro. Parabéns, poeta/compositor/cantor!