Apresentando o projeto APÉ, Andanças, Patrimônio e Educação

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Tive o prazer de escrever o texto de apresentação do projeto APÉ, Andanças, Patrimônio e Educação, do querido Tadeu Lima. Ideia muito maneira que, aliás, conta com um projeto gráfico bacanudo das poderosas Designlinhadas. Pra quem perdeu essa história, vai lá no perfil @perfilgeografico do instagram.
“Na década de 1940, quando Luiz Gonzaga e Humberto Teixeira lançam de forma genial e midiática o revolucionário baião, uma das primeiras músicas dessa onda tinha um verso assim: _“vai olhando coisa a grané / coisas que pra móde ver /o cristão tem que andar a pé”_. Cara, é uma lembrança inescapável… Primeiro porque pessoalmente Luiz Gonzaga tá na minha vida desde o ventre de minha mãe; depois porque, pesquisando, fico sabendo que o Velho Lua tem um braço familiar enraizado e vigoroso aqui na cidade; e porque, nossa, esses versos são de uma força incrível… É isso. Tem coisas que só mesmo andando a pé pra sentir. Principalmente quando se anda pelo centro de cidades grandes como essa aqui, cuja história remonta ao povo excluído que teve que montar e remontar sua vida a partir do improviso, da precariedade e da fé.
Andar a pé tem um quê de revolução nos dias de hoje. Sério. E isso tem a ver com a relativização do projeto ideológico que está encharcado em nossas metrópoles: não tenha dúvida de que nossas cidades não são orientadas para a vida – nossas cidades são orientadas para os automóveis e para a especulação imobiliária.
Fora que as cidades grandes nos roubam o horizonte… E é só puxando o freio, caminhando com a respiração tranquila que a gente vai descortinando a alma encantadora da cidade. O tal flanêur que o grande João do Rio falava há cem anos.
Obrigado APÉ. Ouvindo esse áudio e andando pelas ruas do centro de Caxias dá pra sentir alguma peça da engrenagem remexer aqui dentro.
O carteado da Praça do Pacificador, os camelôs figuras, os erveiros do Mercado Municipal, o beco da Nunes Alves, os pontos de ônibus levando/trazendo a força de trabalho que move o Rio de Janeiro. A vida pulsante de uma cidade simbólica, esfíngica… Andar a pé pelo centro de Caxias, conscientemente, é viajar por dimensões que dão onda.”

heraldo hb

. Animador cultural, escritor e produtor audiovisual nascido no século XX. .

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