Sobre a chacina no jacarezinho, CPI da Covid e o desgoverno do bolsonaro

A estratégia do Presidente Bolsonaro é sair do foco da CPI da Covid19 e utiliza o governo do RJ como instrumento de genocídio e polémica midiática capturando a atenção da sociedade para as favelas cariocas em um claro jogo cênico de nós contra eles, cidadãos de bem e favelados, preto contra branco, vermelho contra verde amarelo, bandido contra polícia.

A venda da CEDAE, a chacina no Jacarezinho e as outras ações absurdas por vir têm como objetivo esconder o desgoverno, a queda de popularidade em sua base e as críticas na imprensa nacional e internacional.

Nas últimas semanas, o governo sofreu repreenda dos EUA, da CHINA e países europeus. Contratos de exportação estão sob análise e com ameaças de cancelamento e talvez o pior dos crimes tenha sido descaradamente revelado: o Banco Central independente tem feito uma política de remuneração de credores de títulos público promovendo o maior endividamento do país. O crime organizado tomou o Caixa Forte de assalto e enquanto a camarilha locupleta os recursos do país, a tv e os grupos de Whatsapp expõem os corpos de jovens pretos e favelados mortos como troféus de governos que transferem as riquezas da nação para os bancos dos membros do governo.

A ação não foi no território de milícias que sequestram antenas de telefonia e dominam o comércio do gás, do transporte coletivo e onde servem como segurança do tráfico e também não foi nas áreas de crimes ambientais onde condôminos de classe média são construídos. A ação foi contra o inimigo preto e pobre da favela e serve a outros propósitos para além do massacre coletivo.

A operação da Polícia Civil no Rio de Janeiro tem rota de colisão com o STF, a Constituição e os defensores dos Direitos Humanos capturando a atenção da sociedade e mobilizando os instintos mais agressivos das legiões bolsonaristas para atacarem qualquer um que seja contra o extermínio de jovem negro.

Diante de quase meio milhão de pessoas mortas, o governo percebe que crescia uma espécie de união na dor. O caso do humorista Paulo Gustavo tocou a sensibilidade até dos defensores de cloroquina, já que expunha uma realidade: “Se o rapaz tão rico e com tantos recursos porque não usou a milagrosa caixa de cloroquina e ou ivermectina para se curar? Porque tão jovem, com tanta saúde, alegria e prestígio a covid19 o matou?” Mesmos os mais desprovidos de saber devem começar a questionar os resultados dos remédios condenados em todo o mundo e que serve de bandeira para um governo que corta verba de pesquisa, saúde e educação em meio a uma pandemia.

Preparem o espírito, a paciência e a consciência sobre o que está por vir. O palácio do planalto não deixará os bolsonaristas e parte da sociedade se reconectar com os mais profundos sentimentos de compaixão, valor a vida, civilidade, respeito, tolerância e afeto. A agenda está orientada para alimentar o conflito, a polarização de opiniões, outros bodes expiatórios surgirão e a construção de falsas narrativas e armadilhas morais que só o pensamento mais raso e também instintivo poderia cair.

Enquanto isso o boiada passa com o desmatamento na Amazônia, os Europeus suspendem compras de commodities, chineses diminuem a entrega dos insumos para vacina, o Banco Central aumenta taxa de juros com consumo baixo para garantir rentabilidade para banqueiros, a pobreza e o desemprego cresce, estatais são vendidas a preço de banana, a economia é destroçada, a educação do país é desmontada e o presidente segue fazendo ameaças de golpes para tirar atenção de sua desastrosa administração.

 

Eduardo Prates
Observatório Social da Baixada


Eduardo Prates

Professor, cientista político, cidadão do mundo, flamenguista, imperiano, sujeito que acredita na auto-determinação dos povos para a construção de um mundo melhor.

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