QUE A MINHA LÍNGUA QUEIME NO PRÓXIMO VERÃO
Não vai haver eleição pra presidente, gente. Tem dois anos que venho falando isso em rodas de conversa e às vezes em posts alheios, furtivamente. Mas é exatamente o que acho: NÃO VAI HAVER ELEIÇÃO PRA PRESIDENTE em 2018.
Não, não sou especialista no assunto, não tenho informações privilegiadas, não aprofundei minha vida em análises de conjuntura, mas me parece óbvia essa percepção.
Hoje vi a Rede Globo (sócia do golpe) em vários momentos de sua programação normal e o que constatei só confirma isso: a necessidade de criar a sensação do caos na população. O que esteve hoje nas telinhas do país inteiro é uma edição voltada a disseminar o pânico, o medo generalizado, o sentimento de que fudeu geral. Especialistas de origem duvidosa, cortes rápidos, repórteres transmitindo com semblantes preocupados, flashes ao vivo interrompendo novelas, comentaristas com trejeitos de extrema preocupação, imagens de populares reclamando contra “tudo o que está aí”.
Pode não ter tido o efeito com toda a sua potência, mas deu pra sentir que é por aí que os golpistas agirão: criar a sensação do caos até o ponto de haver uma clamor por um estado de calamidade, uma comoção que leve a suspensão do processo eleitoral vindouro.
Se liga: o caras não fizeram o que fizeram pra entregar a rapadura de boa em outubro… Rasgaram a Constituição, perseguem adversários, reitores, artistas, divergentes. Tripudiam das leis. Processam desafetos.
Um amigo, que é da Petrobras e que fez doutorado em Economia na Puc Rio, logo no segundo dia da consumação do golpe me falou que todo o time neoliberal casca grossa da instituição assumiu vários cargos estratégicos na empresa, justamente com o objetivo nítido de desmontar estruturas e facilitar a privatização da petroleira. Sem contar que já rolou coisas bizarras como a presidente do STF jantar amigavelmente com ninguém menos que o presidente da Shell. Ou o Pedro Parente envolvido pessoalmente em entregar o pré-sal pros gringos, sem que nenhum pato amarelo falasse qualquer coisa. Enfim, lembro de vários exemplos sinistros como esses, que mostram que os caras já se preparam pra ficar muito tempo no poder e executar o que não foi feito na era FHC.
O jogo é pesado e a onda dos caras é vender tudo. E foda-se. Tomaram o governo pra isso e em dois anos já causaram um estrago que talvez seja irremediável – pelo menos a curto e médio prazos.
E é fato que os setores golpistas (históricos) não conseguiram produzir um candidato competitivo, essa é a verdade. E, na moral: no voto sasporra num leva. Conseguiram dar o golpe, conseguiram prender o Lula, mas não conseguiram neutralizar a força política do 9 Dedos… Em qualquer cenário simulado Lula leva com larga vantagem, mesmo preso, mesmo não podendo receber visitas, mesmo tendo um massacre midiático diário contra sua pessoa. O cara tem 37% de voto espontâneo, ou seja, que é dele, só dele, que não se tira. É voto pra caralho. Lula andou o país inteiro, de cabo a rabo; conhece a alma do povo, é um dos maiores líderes políticos do mundo. Não dá pra competir usando essa renca de bandidos vampiros-obsessores sem voto como adversários. Não tem como. Arrisco dizer que nem matando o cara.
Só que tá óbvio também que não vão deixar Lula ser candidato. E aí faz-se o quê? O campo da esquerda tem se remexido, muitos apontam caminhos, respostas, especulações, mas o fato é que ninguém tem a resposta de pra onde isso tudo vai. Mas só se sabe é que os golpistas não tem um candidato competitivo.
E aí que é a questão… E por isso acho que não haverá eleição pra presidente.
Historicamente, os setores golpistas sempre sonharam com o parlamentarismo. Tentaram em vários momentos da História, sem êxito (salve Brizola!) . Por isso não se assuste se sacarem uma lei dessas aí feitas por encomenda impondo algum modo de parlamentarismo misto que seja.
Ou que emplaquem uma eleição indireta que empurre pra frente, bem pra frente, a eleição geral direta – lá na frente onde já dê tempo dos caras terem vendido a porra toda, incluindo a Petrobras, sonho de consumo das grandes corporações do capital financeiro mundial.
É uma opinião pessimista? Sim, admito que é uma opinião pessimista. Mas que é um cenário plausível num momento do país onde já se falou que não teria Copa e teve; que não teria Olimpíada e teve; onde não teria golpe e teve; onde Lula tá preso por conta de um processo tosco, inacreditavelmente tosco; onde a esquerda patina; onde a mídia é totalitária; onde o judiciário persegue adversários descaradamente e o poder econômico massacra ainda mais qualquer possibilidade de manutenção de direitos.
Hoje é 25 de maio de 2018 e espero que eu possa queimar minha língua no próximo verão – se possível num churrasco com pessoas queridas fazendo o que já sempre fazemos, independente dos golpes, que é celebrar a magia que estarmos vivos, apesar de tudo.