Cara a cara com o Homem da Capa Preta

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Cara a cara com Tenório Cavalcanti, o Homem da Capa Preta e sua Lurdinha. Matéria que fiz para a TV Olho (primeira TV de rua do Brasil), em sua “fortaleza”, no ano de 1982.
A figura polêmica e populista do deputado carioca Tenório Cavalcanti merecia um filme à altura. E o diretor Sérgio Rezende, em seu segundo longa, não se intimidou e fez este “O Homem da Capa Preta” com todo gás de um estreante. O roteiro foi escrito por ele próprio, junto com Tairone Feitosa e José Louzeiro, a partir de fatos narrados nos jornais e revistas dos anos 1950. Tenório era um político bastante reacionário e resolvia suas questões “na bala”. Vestido sempre de capa preta, cartola e empunhando uma metralhadora, que ele chamava de “Lurdinha”, não havia debate que não terminasse em tiro. José Wilker, com sua postura altiva e sua voz imponente, transforma Tenório em uma personagem maior que a vida.
Alagoano de Palmeira dos Índios, Tenório Cavalcanti dominou a Baixada Fluminense nos anos 50 e 60. Nascido no dia 27 de setembro de 1906, chegou à região nos anos 20 e ali viveu até morrer, em 1987. Dono de personalidade violenta, ele aterrorizava seus adversários, com uma submetralhadora alemã, que ele chamava de Lurdinha. Trazia a arma sempre escondida em uma capa, o que lhe valeu a alcunha de “O Homem da Capa Preta”.
Entre outras me disse que sua Capa Preta tinha ligação também com o malandro do mesmo nome, povo de rua.
Populista, Tenório era chamado pelos aliados políticos de “rei da Baixada”, e pelos rivais, de “deputado pistoleiro”. Devido às constantes ameaças de morte, Tenório e sua família habitavam uma fortaleza na Baixada Fluminense, projetada pelo arquiteto Sérgio Bernardes. Andava sempre armado e acompanhado de capangas.
Ao longo da sua carreira política, ele também teria sofrido 47 atentados, sendo alvo de mais de 60 tiros, conforme O GLOBO publicou em reportagem da edição de 6 de maio de 1987.
Ele teve quatro filhas, dez netos e outros 17 adotivos. Lenda na política e no banditismo da Baixada Fluminense, o mito levou mais de mil pessoas ao seu velório e provoco engarrafamento nas ruas de Caxias, onde foi enterrado com a capa preta.