A Baixada chama por um papo à vera

Tenho lembrado das aulas dos professores Wanderley Guilherme dos Santos, Renato Lessa e de Luiz Cezar de Queiroz Ribeiro.

Queria muito ver um colóquio com os cinco professores. Isto, porque têm mais.

Ajudaria muito, as reflexões ilustrativa, ao nosso entendimento do processo político brasileiro, em mais alto nível.

Se, em todo o Brasil, há reflexos contundentes sobre a fragilidade democrática; aqui, na Baixada Fluminense, temos uma espécie de laboratório social de quem sofrerá mais com as desventuras de nossa sociedade.

Será, ainda melhor, ter a presença do professor Luiz Eduardo Soares.

Convido, em toda a nossa humildade de uma identidade e lugar baixadiano, os respeitáveis professores a vir em Duque de Caxias, no Gomeia Galpão Criativo, para conversar sobre alguns aspectos do que está acontecendo em nosso país e refletirmos na ponta, aquilo que os professores conseguem traduzir tão bem entre os limites da ciência política e as possibilidades teóricas em um território fervente, carente e aguerrido por novas leituras sobre o que sobrará ou quem seremos nós.

Estamos ávidos por conversar e pensar a modernidade do Brasil e os dramáticos contornos de uma periferia que pulsa, cada dia mais, sobre os limites da cidade-estado do Rio de Janeiro.

Os professores têm um significativo número de ex-alunos que desejam vê-los por aqui. Para além, temos a ousadia de falar que encontrarão um território fértil e que, em meio as estratégias acadêmicas de construir o diálogo com a sociedade, encontrarão aqui o estado de natureza hobbesiano, o romantismo naturalista de uma sociedade porvir e o ceticismo das perguntas deixadas ao léu. Conforme, tão bem, relatam os estudos metropolitanos.

E, para compor, com a verve crua da crítica à ausência e as ações de um Estado repressor e compactuado com uma sociedade civil, sob a lide de uma cidadania em construção, convidamos o professor José Cláudio Souza. Gente de nossa terra que dobrou o cabo das tormentas intelectual e conseguiu conjugar às análises da construção de nosso Estado e às exegeses da aspereza de um mundo a ser explorado pelo olhar de quem vive.

Peço, encarecidamente, aos colegas de faculdades e pessoas próximas que lhe deem o recado.
Solicito, ainda, aos amigos e interessados, um compromisso de ver o debate em nossa terra, já que, costumeiramente, pelos jornais e estudos acadêmicos, a Baixada Fluminense vem sendo tratada como uma extensão malfadada do processo civilizatório capitalista, em sua dimensão mais selvagem.

Meus respeitos a todos os outros professores e amigos que farei questão de convidar para vir a este território conflagrado por nossas contraditórias combinações e ávidos por debates.

Para entendimento do tão atrevido pedido, esclareço que tem passado por nossas mãos as suas reflexões.

Outro dia, liamos, por mais uma vez, O Paradoxo de Rousseau – Uma Interpretação Democrática da Vontade Geral.

Por algum motivo, caiu em meu colo, Modernização e consolidação democrática no Brasil: dilemas da Nova República.

Tenho chamado atenção em minhas aulas sobre o período em que Luiz Eduardo Soares foi secretário de segurança, e tenho acompanhado os livros e artigos do caro professor.

Sou um admirador confesso e entusiasta de todo o esforço realizado para o entendimento da Região Metropolitana e a necessidade de criarmos análises sobre os efeitos do capital istmo na periferia da periferia. E, acredito – sob a influência – do Observatório das Metrópoles, na democratização da informação como elemento essencial para entendimento e afirmação de nossa incipiente cidadania.

Por fim, em um cenário de quebra de normativas constitucionais e democráticas, vemos que a violência descrita no modus operandi das milícias e grupos de extermínio da Baixada Fluminense ganhar novo ensejo, a partir, da aprovação vertical e horizontal dos desconstrangimento às bestialidades em relação aos direitos civis e sociais na Baixada Fluminense e aplicação da violência estatal e paraestatal.

Se por aqui, mais se morre, é aqui que se pensa mais nas possibilidades de um processo civilizatório onde o ideal de justiça clama nos olhos lagrimejantes de nossa gente.

Estaremos convidando, tantas e mais pessoas que queiram dialogar com este nosso território.


Eduardo Prates

Professor, cientista político, cidadão do mundo, flamenguista, imperiano, sujeito que acredita na auto-determinação dos povos para a construção de um mundo melhor.

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