Historicamente, o Grande Rio é uma metrópole negada, por José Marcelo Zacchi
O Rio é a segunda maior região metropolitana do país, com 12 milhões de habitantes e 19 municípios. Historicamente, no entanto, o Grande Rio é uma metrópole negada. O passado da cidade como capital da República e, mais tarde, como estado autônomo, fez com que nela se concentrassem as atenções públicas, estimulando a formação de consciência coletiva que antes recusa em vez de acolher o sentido de um espaço urbano e destino social comuns.
O resultado é uma metrópole que prioriza a alocação de R$ 8,5 bilhões para a extensão do metrô na área central, enquanto posterga investimentos para a superação de carências históricas na malha de trens. Ou que concentra também no seu núcleo os esforços de melhoria na segurança, gerando avanços, mas aprofundando a desigualdade no que diz respeito a taxas de violência no conjunto do território. É ainda um cenário no qual municípios inteiros, como Caxias ou Itaguaí, não contam com sequer um quilômetro de esgoto tratado, contribuindo para que tarefa essencial como a despoluição da Baía de Guanabara se arraste há décadas.
O Rio sofre também por ser a única das metrópoles brasileiras que não conta com instância pública de gestão dedicada à integração de esforços em desafios sociais, urbanos e econômicos. É com este quadro em vista que realizamos hoje, no campus da Febf/Uerj, em Caxias, o seminário ‘Pensando a Metrópole’, para discutir em conjunto os desafios do Rio metropolitano e propostas para sua superação; e a oficina ‘Segurança Cidadã na Baixada’, mobilizando ideias para o enfrentamento da violência na região que concentra hoje as maiores taxas de homicídio no Rio.
Mais do que iniciativa isolada, o encontro marca também o início da atuação da Associação Casa Fluminense, criada em abril como novo espaço para a construção coletiva de políticas orientadas a um Rio inteiro,mais igual e democrático, voltado a expandir benefícios para todo o seu conjunto e afirmar-se como a ‘cidade metropolitana’ compartilhada que é e precisa ser.
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José Marcelo Zacchi é diretor da Associação Casa Fluminense e pesquisador associado do Iets