Encanta aos 76 anos, o professor Stélio Lacerda, referência em estudos sobre Duque de Caxias

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A Baixada Fluminense e a cidade de Duque de Caxias perderam um patrimônio histórico e memória viva da região: falo do professor, historiador e memorialista Stélio Lacerda, que encantou na manhã deste domingo (08/08), aos 76 anos, de causa não informada pela família.

Stélio nasceu em Itaperuna, noroeste fluminense, em 10 de março de 1945. Chegou em Duque de Caxias, em 1953 trazido por seus pais. Estudou inicialmente no Colégio Duque de Caxias, fazendo parte do movimento estudantil. Ingressou no Instituto Governador Roberto Silveira, em 1964, onde liderou o centro acadêmico Euclides da Cunha em prol da regulamentação do curso de Pedagogia, hoje incorporado à UERJ. No Instituto se licenciouo em Pedagogia e foi seu diretor. Além disso era formado em História pela Sociedade Universitária Augusto Mota.

Na política foi Chefe de Gabinete do primeiro governo do prefeito Moacyr Rodrigues do Carmo (1967-1970); Secretário de Educação e Cultura no governo do prefeito Renato Moreira da Fonseca (1975-1979); e Secretário de Cultura no segundo governo do prefeito Moacyr Rodrigues do Carmo (1993-1996) e no primeiro governo do prefeito José Camilo Zito (1996-2000).

Stélio Lacerda (a esquerda) e prefeito Renato Moreira da Fonseca em seu gabinete. Foto: Acervo Martha Rossi

No primeiro governo do prefeito Moacyr do Carmo compôs a equipe do CPPEM, o qual vai implementar e organizar o sistema público municipal de ensino na cidade.

Em entrevista ao CEPEMHEd no ano de 2007, o professor Stélio relata detalhes dessa comissão: “[…] No ano de 1972, Prof. Hilda do Carmo, que era diretora de educação do município, que que fez? Me convidou para participar de uma comissão chamada Comissão de Pesquisa, Estudos e Planejamento da Educação Municipal. Qual era o problema dessa comissão? Como implantar a Reforma do Ensino numa rede escolar que 70% dela funcionava em prédios alugados ou cedidos, sem a menor condição. Foi um trabalho de sísifo, como se diz em Filosofia, “Vai subir a montanha, chega lá em cima a pedra desce de novo…” Quer dizer, sem a menor perspectiva, não é? Não tinha recurso. Éramos ali um… fazendo ficção naquela comissão. Estudos que me ajudaram muito como diretor de educação. Eu já estava conhecendo a rede pública nesse trabalho da Carta Escolar e aí, naqueles três anos de comissão, conheci muito de perto o problema da rede municipal[…]”

Stélio Lacerda era funcionário aposentado da Prefeitura Municipal de Duque de Caxias e da SEEDUC-RJ. Deu aulas no curso normal do Instituto de Educação Roberto Silveira, no Colégio Duque de Caxias (particular), na Escola Municipal Marechal Mallet e em unidades da rede privada.

No campo da leitura, retratou em colunas na Revista Caxias Magazine e Pilares da História, importantes histórias e acontecimentos da cidade de Duque de Caxias. Escreveu diversos livros dentre os quais destaco: “Tempos de ginásio“, “Uma passagem pela Caxias dos anos 60″ e “Pelos caminhos que a história deixou”. Todos esses livros, estudei quando fiz minha graduação em História na FEUDUC, nas aulas de História Regional.

A Prefeitura Municipal de Duque de Caxias em decretou luto oficial de três dias e emitiu a seguinte nota: “A Prefeitura de Duque de Caxias, em nome do prefeito Washington Reis, lamenta profundamente o falecimento do professor, Stelio Lacerda, na manhã deste domingo (08/08). Stelio foi escritor, professor da rede municipal, estadual e particular da cidade. Também atuou como secretário de Educação e Cultura no município. O professor prestou diversos serviços relevantes deixando um legado importante na história da cidade. Neste momento de tristeza, a administração municipal se solidariza com familiares e amigos a fim de expressar nossas mais sinceras condolências pela perda irreparável. Pedimos a Deus que conforte a todos neste momento de imensa dor. A PMDC declara luto oficial por três dias no município”.

No céu encantado de Duque de Caxias encanta Dalva Lazaroni, Paullo Ramos, Barbosa Leite, Hermes Machado, Daniel Ferreira, Edinha Maia, João de Deus, Chiquinho Maciel, Martha Rossi e tantos outros nomes da nossa cultura popular que recepcionam com muito carinho nosso mestre Stélio.


Marroni Alves

Filho da escola pública e de pernambucanos. Nascido no Hospital Duque, mas sempre no Hospital Infantil. Formado em História na FEUDUC, dou aula em pré-vestibular comunitário na Vila Ideal, Jardim Gramacho, Complexo da Mangueirinha e Xerem.

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