Patriarcado, palavrinha que nem todo mundo sabe exatamente o que é, e que foi ressuscitada nessa recente onda feminista que invade nossas redes e rodas de conversas. Uma estrutura de dominação regida por homens. Uma estrutura que não só domina a vida das mulheres, mas, em simbiose com o capitalismo, sustenta a dominação e a exploração do mundo inteiro á séculos.

É, é contra o patriarcado que o feminismo luta. É, é o patriarcado que é o pano de fundo desse impeachment: um bando de homens corruptos, proprietários de importantes pilastras deste esquema, que conseguem dar um golpe na primeira presidenta mulher do país.

Quando, através das palavras: Deus e Família, gangsters tomam pra si o titulo de “homem de bem”, naquele domingo em que protagonizaram um verdadeiro vexame coletivo, que envergonhou até mesmo quem é a favor do impeachment, resta alguma dúvida que a misoginia e uma cartela infinita de licenças da cultura machista construíram esse golpe?

Quando a mídia golpista refere-se como histeria a força de uma ex guerrilheira, e surge uma primeira dama modelo, como uma prótese do vice queimado, alguém duvida que seja totalmente misógino esse golpe?

Antes mesmo, quando tramita na câmara projetos de leis como Estatuto da família, endurecimento ao já criminalizado aborto, proibição da discussão de gênero nas escolas… Há muito o conservadorismo tem avançado contra a luta pela conquista e garantia de Direitos, e as mulheres são as primeiras dessa lista, pois nossas conquistas nunca são permanentes em uma sociedade patriarcal.

E quando falamos de Direitos falamos sobre o extermínio da juventude negra, da população LGBT, do feminicídio, que ocorrem diariamente nas periferias brasileiras, assim como nossa resistência. Agora também vamos falar de criminalização dos movimentos sociais e da cassação desses Direitos, resultados dessa luta.

Esse congresso é um espelho da Baixada, o mapa da votação aqui grita: fundamentalismo e coronelismo! Como foram parar lá esses coronéis e fundamentalistas como Rosangela Gomes, Aureo, Felipe Bornier, Simão Sessim, Washington Reis?

Quando homofóbicos eleitos como autoridades agridem um deputado federal homossexual, quando um fascista homenageia um torturador, quando bandidos processados pelo Estado golpeiam uma presidenta da republica. Porque pobre e preto na universidade, gay no congresso e mulher no comando mais que incomoda, é perigoso pra este esquema. Se me ataca vou atacar! Vou cuspir!

O machismo sempre foi arma de ataque a mulheres em espaços públicos, o tchau querida é pra todas nós. Mas o feminismo é uma arma de superação dos ismos que caíram, e desse patriarcado que nos golpeia. Ele continua, como toda a resistência contra os golpes misóginos cotidianos que encaramos com mão de ferro e coração quente.


Giordana Moreira

Produtora Cultural, fundadora da Roque Pense! rede de Mulheres Produtoras Culturais, e cria da Baixada Fluminense de onde faz rock, cultura urbana e feminismos para o mundo.

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