Raul 80

Oitenta anos de Raul Seixas hoje. Taí um cara que me marcou muito também. Junto com os assuntos disco voador, Machado de Assis e poesia marginal, Raul foi uma coisa que “atrapalhava” meu marxismo questionável dos dezoito anos. Embora da organização de frente do Grêmio estudantil da escola, eu era meio desmoralizado como militante. Acho que Raul tinha a ver com isso.
Além das músicas, tinha uma coisa nele que me fascinava que era o seu lendário Baú, onde ele guardava tudo o que escrevia, tudo mesmo. Um tesouro. Eu também escrevia muito nessa época, mas, sem organização nenhuma, não guardei praticamente nada.
Na época, quando gastava boa parte do meu salário de office-boy com shows, fiquei atento para tentar assistir Raul ao vivo, quando do lançamento do Panela do Diabo, com o Marcelo Nova, mas acho que não chegou a ter show no Rio; em seus últimos anos de vida ele já estava bastante debilitado.
Já toquei em duas bandas de repertório exclusivo do cabra. Quando molequinho, na banda Nau Sem Rumo, junto com os amigos Flávio Ranhada, Marivaldo Salles e Bisso do Blues. Durou pouco, mas foi maneiro demais. Já no Brasil pós-golpe 16 pude tocar na Punkeando Raul, repertório só com lado B do cara, pra mim uma das bandas mais empolgantes do momento no Rio no segmento roque.
A lembrança do dia da morte de Raul rendeu uma das minhas crônicas mais lidas e que sempre alguém acha na rede e me escreve comentando. Fraternidades – tem aqui no site da Lurdinha.Org, por exemplo.
Vale um brinde hoje e viva Raul!
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Aliás, a Punkeando Raul toca hoje à noite no centro do Rio na tradicional passeata raul-seixista.
