beijaflor

Beija-Flor Campeã do Carnaval 2025. Nada é coincidência ou acaso. Ṣàngó e Yansã, o casal dendê, são os Òrìṣàs regentes deste ano. O carro abre-alas da Beija-Flor fez referência a Ṣàngó, regente do Orí de Laíla. Estava escrito.
Foram 12 Escolas de Samba no Grupo Especial em 2025: Padre Miguel, Imperatriz Leopoldinense, Viradouro, Mangueira, Unidos da Tijuca, Beija-Flor, Salgueiro, Vila Isabel, Padre Miguel, Paraíso do Tuiuti, Grande Rio e Portela. A maioria esmagadora com enredos sobre nossa Ancestralidade Negra. Carnaval, lugar onde somos maioria, mesmo essa festa tendo origem branca.
Agora as Escolas de Samba, em especial no Grupo Especial meu povo negro é inexistente nos cargos de comando institucional. Das 12 Escolas de Samba somente duas mulheres, uma branca, Catia Drumond, da Imperatriz, e a única negra, Guanayra Firmino, da Mangueira. Presidentes negros somente, Almir Reis, da Beija-Flor, e Renato Thor, da Paraíso do Tuiuti. Todos os outros brancos. Dez homens e duas mulheres.
Quando partimos para os carnavalescos somente uma mulher e 12 homens. Sendo negros na linha de frente somente João Vitor Araújo, da Beija-Flor e Antônio Gonzaga e André Rodrigues, da Portela.
Laíla dizia que a vitória vem com valorizar a prata da casa, adotar perfil caseiro, trabalhar em equipe, não se limitar no samba-enredo, manter o time ativo, injetar recursos, ensaiar sempre, investir na comunidade, não bajular famosos, usar a força dos Òrìṣàs. Tudo com muito respeito, afeto e gratidão. Essa receita dá certo, são 15 vitórias.
Lembrando aqui, em janeiro de 2007, fiz contato com Laíla e Ubiratan Silva, carnavalescos da Beija-Flor, para falar da história do meu Pai Baiano ou Valdemiro de Ṣàngó. Foram muito receptivos e marcaram uma recepção para o meu Pai, que não pode ir por estar internado (Pai Baiano foi para o Orum, na Quarta de Cinzas deste ano). A mesma atenção não aconteceu por parte de outra escola de samba do grupo especial, também da BXD. As artes e o envolvimento acontecem o ano todo na Beija-Flor.
Baixada Fluminense é Resistência. Somos 13 municípios que fazem acontecer. Aqui é tiroteio de poesia, tráfico de rima. É BXD!


Sílvia de Mendonça

Formada em jornalismo e produção cultural, Sílvia de Mendonça também é atriz e ativista do Movimento Negro Unificado (MNU). Também tem presença nas lutas contra intolerância religiosa, juventude negra e direitos humanos.

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