O público alvo do marketing corporativo em tempos de Coronavírus não somos nós

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Em tempo de Pandemia, Coronavírus, Covid19 eu ligo e TV e vejo dezenas de propagandas, com linguagens, cenários e personagens tão distantes das realidades periféricas e de favelas. Nada evoluiu ou se modificou. Mesmo numa crise violenta como essa, fica explícito as classes a quem defendem. Por isso eu continuo acreditando que nada, nem ninguém que representa o capitalismo e a burguesia brasileira vão mudar, porque o querem com isso é que pobres e negros continuem aglomerados, sofrendo nos guetos impostos por. Nós somos precisamos exercer resistência nos opor a esse estado, fomentar organização e construir nosso projeto, saudável e participativo, urgente que somos. Basta!

Como a grande maioria dos povos do mundo nunca tinha vivenciado um estado de pandemia, e isso aterroriza, principalmente quando somos a grande maioria de famílias negras e pobres nesse país (só para ficar nesse lugar), alojadas nas favelas e periferias. Mesmo assim escuto dizer que as mídias sociais e os veículos de comunicação têm sido grandes aliados. Custo a entender esse processo quando ligo a TV e vejo uma boa campanha de marketing, que não leva em consideração seu macroambiente ao oferecer seus serviços, produtos ou marcas. Para quem?

Sem vitimismo. Estamos ou não nos sentimos excluídas, levando em consideração que a extrema pobreza no Brasil chegou a 13,5 milhões de pessoas em 2019, antes do Covid19. É inconcebível, e isso não altera o humor dessas famílias pobres – composta majoritariamente por mulheres negras chefes delas -, ao ver os shows apoteóticos. Em tempos de Coronavírus e Covid19, reações emocionantes, não menos emocionadas são estampadas nas propagandas com mensagens corporativas, oferecendo produtos, serviços ou a marcas que não são consumidas pelo meu povo.

Nessa hora centenas de pessoas se ajeitam nos seus confortáveis sofás, nos cenários fúlgidos e com caras plácidas são levadas a abrir seus corações imbuídos de compaixão, solidariedade incomuns, e pedir que “fiquem em casa”, como se todos os lugares fossem comuns. Nas peças publicitárias o papo das celebridades procura vender que “estamos todos juntos”, “que vamos superar” essa fase. Nada contra, mas a linguagem deveria ser universal nessa hora. Entender o contexto na qual a propaganda está inserida é fundamental. Não chega aos territórios populares, e não nos apropriamos dela.

Deveriam levar em conta estudos relacionados à população, considerando fatores como densidade, tamanho, raça, sexualidade e renda, talvez assim teria impacto e alcance o que vemos hoje nos veículos de comunicação seguidos das mídias sociais. Fazemos parte de um ambiente cultural que leva em conta costumes, gostos e preferências, e que estão enraizados em nossa história e vivências.

Hoje o marketing corporativo deve propor novas estratégias para valorizar todos os públicos, horizontalizar seus produtos, serviços e marcas e incluir na mídia certa conceitos populares, para que a comunicação chegue com a mensagem certa, para quem de direito e que precisa ser efetivamente esclarecida. Nesses tempos cada um precisa assumir responsabilidades, e saber que dependemos de todo mundo. Nós existimos, e somos a grande maioria, as que movimentamos o mundo. Fato


Por Sílvia de Mendonça


Sílvia de Mendonça

Formada em jornalismo e produção cultural, Sílvia de Mendonça também é atriz e ativista do Movimento Negro Unificado (MNU). Também tem presença nas lutas contra intolerância religiosa, juventude negra e direitos humanos.

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