A militância e a Baixada perdem Mário Macaco

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Mario no trem durante o II Trem do Samba da Baixada

Não terá mais o mesmo gosto pegar o trem na bitola estreita, de Saracuruna até Guapimirim e descer na praça Paulo Terra. Naquela rua sem saída na praça, não estará mais o sorriso, o grito de bem vindo o abraço bem forte de Mario Macaco, o maior botafoguense de Guapi que nos deixou na madrugada desta quinta-feira (07/05), aos 64 anos.

Luiz Mario Santos, mais conhecido nos movimentos sociais, culturais e no trem como Mario Macaco dos Correios estava internado desde 21 de abril, e após uma parada cardíaca, não resistiu. Seu enterro será amanhã, às 8h, no Cemitério Municipal do Bananal, em Guapimirim.

Mário era cria da Maré ou mareense, como gostava de ser chamado. Iniciou sua trajetória no movimentos comunitários com a fundação das Associações de Moradores da Nova Holanda, Rubens Vaz, Vila do Pinheiro e na fundação da comunidade da Vila João.

Comandou greves históricas nos Correios, onde era funcionario aposentado. Na categoria desde 1985, foi perseguido e demitido por isso, mas nunca desistiu da luta. Foi um dos fundadores do Sindicato dos Trabalhadores dos Correios do Rio de Janeiro e conquistou sua anistia, voltando à categoria em 1994.

Mário foi responsável pela fundação do SINTECT-RJ, onde também exerceu cargos de diretoria, sendo, como sua última participação sindical, Diretor da pasta de formação política. Mário Macaco foi Diretor fundador do Sindicato em 1989. Ativista sindical e partidário nato, Mário colaborou na luta sindical junto a CUT/RJ e também ao Partido dos Trabalhadores, atualmente era pré-candidato a prefeito de Guapimirim pelo PT.

A FENTECT em nota lamentou a sua morte, prestou solidariedade aos familiares e amigos e lembrou de sua luta: “Neste difícil momento, fazemos a nossa homenagem e agradecimento pela enorme dedicação na batalha pelos direitos dos trabalhadores. Mário, obrigado por tudo! Nós, da FENTECT, vamos continuar com os seus ensinamentos lutando pela democracia, pela vida e pelos trabalhadores”.

A ex-governadora do Estado do Rio de Janeiro e deputada federal Benedita da Silva (PT) lamentou a perda do amigo, desejando seu pesar aos familiares “Era um grande companheiro, perdemos um grande militante. Descanse em paz Mario”. 

Mario durante a greve dos Correios no                                 governo Collor

Mario era atuante nos movimentos culturais de promoção da cultura na cidade de Guapimirim. Fazia parte do Movimento Projeto Central, do Movimento Guapi nos trilhos, Associação Cultural Apito da História, COMTREM, da organização do Trem do Samba da Baixada e na organização da Caminhada pela Estrada da Barreira e Rio Soberbo

Após adotar Guapimirim como sua cidade, Mario entrou na luta pela melhoria da bitola estreita de Guapi e Vila Inhomirim com ecoturismo, dignidade, mais vagões e horários disponíveis para a classe trabalhadora. Além disso, sonhava em ver implantado o sistema de VLT ligando Saracuruna a Guapimirim e Vila Inhomirim.

Mario meu amigo, seguiremos a lutar, seguiremos seu legado e jamais você morrerá, nós estaremos sempre lembrando de você, da sua energia, força e solidariedade. Você aprontou mais uma conosco, mas nós dessa vez, vamos aceitar! Seu lema, como você dizia, seguirá:

“Mais Cultura, Mais Ambiente e Menos Violência. O transporte de massa é trem, VLT, metrô, barcas, bicicleta e a preservação com a integração metropolitana do Rio de Janeiro.”

Viva Mário Macaco! Mario Macaco presente!


Marroni Alves

Filho da escola pública e de pernambucanos. Nascido no Hospital Duque, mas sempre no Hospital Infantil. Formado em História na FEUDUC, dou aula em pré-vestibular comunitário na Vila Ideal, Jardim Gramacho, Complexo da Mangueirinha e Xerem.

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