O grito de alerta de uma Assistente Social

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Agente tenta convencer usuários a deixar as ruas

Por Daniela Lopes

15 de maio – Dia da Assistente Social

A gente luta muito… Trabalhar garantia de direitos num Brasil de violações cotidianas do básico para se viver com qualidade, nunca foi fácil! Mas este momento especificamente, não posso e não consigo comemorar nosso dia! Tenho muito orgulho da profissional de excelência que sou, sem modestia mesmo! Pois há muito estudo e dedicação nisso!

Destaco que sou construída profissionalmente das inúmeras colegas com quem troco e troquei o exercicio profissional, desde o inicio, nos estágios e depois nos campos de trabalho como a Secretaria de Assistência Social de Duque de Caxias por onde estive em dois momentos em governos distintos. Sempre presando pela ética e rodeada de colegas que davam o seu melhor apesar da demanda esmagadora e das limitações materiais e políticas!

Não esqueço também das inúmeras, mesas, palestras, capacitações, especialização e movimentos sociais onde encontrei outras assistentes sociais e seres humanos incríveis, que enriqueceram meu saber, minha visão da dialética entre academia e prática profissional tão como minha visão de coletivo e de mundo!

A pessoa que sou é totalmente afetada por todas essas vivências profissionais… Que me fizeram e fazem alguém muito melhor a cada nova reflexão e exercício!

Ainda assim, apesar das inúmeras felicitações que recebi e das quais sou muito grata, do engrandecimento por todas as colegas admiráveis que conheci e convivi, com as quais muito aprendi e do orgulho pela boa profissional que sou… Não tenho motivo para comemorar!

Pelo momento doloroso, assustador e confuso que estamos passando… Em todos os sentidos! Em que a exigência, demanda e exposição dos assistentes sociais estão sendo elevadas em níveis sobre humanos! Também somos linha de frente, nos CRAS, CREAS e entre outros equipamentos das proteções básica e especial da política de assistência, além de estarmos presentes em praticamente todas as unidades de saude públicas… E por sentir a mão fria do retrocesso ideológico e político conduzindo meu país de volta a um pau de arara num porão frio… Com muito pesar, peço desculpas aos meus colegas e atendidos! Mas não posso e não vou comemorar! Veja bem esse é meu desabafo, meu grito de alerta!

Seguimos, resistimos, existimos!

*Daniela da Silva Lopes, é moradora e liderança comunitária do Complexo do Centenário em Duque de Caxias. Assistente Social, Especialista em Políticas Públicas de Enfretamento à Violência Contra a Mulher pela PUC-RJ e atriz da Escola de Teatro Popular, Centro de Teatro do Oprimido.
atriz da escola de teatro popular, Centro de Teatro do Oprimido.


Marroni Alves

Filho da escola pública e de pernambucanos. Nascido no Hospital Duque, mas sempre no Hospital Infantil. Formado em História na FEUDUC, dou aula em pré-vestibular comunitário na Vila Ideal, Jardim Gramacho, Complexo da Mangueirinha e Xerem.

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