Feira de Caxias. Foto: Marcio Leandro

CIDADE MINHA

Caxias é passional
É uma cidade poética
Das costas dos morros
descem arroubos
de ilusão frenética
e as pessoas passeiam dores
pelas ruas à vontade

Dores esguias e amores de verdade,
porém travados, às vezes

Caxias tem uma alma estranha,
cultural, voraz, tacanha
Que se assenta na beira do absurdo
e atravessa os meses
sem reflexão

Caxias mistura olhares e sentimentos
É doce e amarga
Cruel e generosa

É uma moça triste
que ganha um presente,
fica toda prosa
e depois percebe que tudo é miragem.

O trem, os cantos, os anjos
Solano gritando na praça
a gente com fome

É tudo um tufão que explode e some
Deixando um rastro
de valas feiosas com cheiro de esgoto

Milhares de casas sem rosto
cadeiras vazias
e flores no chão

Caxias é um acúmulo de faces
manchadas, bonitas, sagradas
lançadas a esmo
na escuridão

Caxias é minha alma exposta
Uma crosta de sal na paixão dos meus dias
É pura poesia
É a marca maior que carrego
na palma da minha mão.

Vicente Portella


Vicente Portella

Nascido em Duque de Caxias, é escritor, compositor e poeta. E tricolor.

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