Sou professor e pesquisador. Sou um profissional realizado e respeitado no campo da Educação e da Cultura na cidade, no estado e no país. Vim de família humilde, moradores do bairro Laureano em Duque de Caxias, terra de carências, assim como tantos outros cantos de nossa cidade e devo tudo que tenho à FEUDUC.
Sem ela, onde ingressei em 1983, não me formaria. Sem ela não teria alegria do convívio com amigos e amigas como aluno e professor e sem ela não teria a sorte de ser orientado e conduzido à profissão por Antônio Jorge Matos, amigo, professor e mentor e a saudosa professora Íris Poubel de Menezes Ferrari, a quem tanto devo, entre tantos outros e outras que por lá conheci. Doi-me vê-la assim completamente destruída. Arrasada pelo descaso e dilapidada pelo crime. Poucas cidades no país podem ser orgulhar de abrigar uma instituição, que como a FEUDUC, formou educadores desde 1968. A FEUDUC permitiu a muitos trabalhadores e trabalhadores em seus cursos noturnos ingressarem na Faculdade e daí ao Magistério.
A FEUDUC abrigou cursos de graduação e pós-graduação de excelência como seu respeitadíssimo curso de graduação em História, que frequentei como aluno e ajudei a construir em vinte anos de atuação como professor e coordenador .
Em 2012 retornei à Instituição convidado na posição de diretor, numa tentativa de salvá-la, ao lado de vários companheiros e companheiras valorosos . Tentativa que quase funcionou, mas que foi abatida por crises internas, vaidades e deliberado desejo de enriquecimento fácil por parte de alguns que lá estavam; ações lamentáveis de canalhas dissimulados que muito me custaram pessoalmente e profissionalmente e condenaram a Faculdade à sua extinção em 2018. Milhares formaram-se na FEUDUC. Vidas e vidas modificadas, assim como a minha.
Hoje a Instituição, que já estava abandonada, foi completamente destruída por saques criminosos ocorrido há dois meses. Nada foi poupado. Janelas e portas foram arrancadas das paredes, móveis e instalações depredadas. Terra arrasada. Sua documentação destruída para desespero de mais de mil alunos que ainda lutam, desesperadamente, por seus seus diplomas. A sua biblioteca, a quem tantos serviu, está completamente destruída, livros e documentos raros espalhados no chão. Resistindo lá está ainda APPH CLIO, valente e solitária, protegendo a Casa do Administrador, edificação histórica dos anos 40 do século XX, tombada pelo patrimônio municipal e também vulnerável ao saque criminoso. Diante desse desprezo criminoso, que não é recente, se apresenta uma suposta intervenção judicial há pelo menos cinco anos.
Tento sida arrasada, para lá se dirigiu um dia desses, uma pomposa comitiva judicial para constatar a obviedade da tragédia. E o que fazer então? Relatórios? De quem cobrar providências? Por que essa riqueza monumental em educação e cultura detentora de um imóvel de 160 mil metros quadrados com 40 mil deles construído é tão desprezada?
Em nossa cidade tão cheia de prioridades, tentar ainda salvar a FEUDUC, que tanto nos serviu, talvez seja uma delas.
Mas ao fim, como declaração sofrida afirmo que para mim e a para tantos outros diante do caos atual da FEUDUC, agora só resta um retrato na parede. E como dói.


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