Futebol de Várzea em Duque de Caxias nos anos 50

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Para o futebol brasileiro a década de 50 possuiu uma força simbólica muito grande: a construção do “maior do mundo”; a posterior “tragédia nacional” e o primeiro campeonato mundial. Em Duque de Caxias, com seus 115 mil habitantes, esta década foi uma das mais profícuas para o antigo “esporte bretão”.

Em seu início a empresa Melhoramentos de Caxias, acompanhando a euforia futebolística do período, cedeu à prefeitura do prefeito Braulino de Mattos Reis um terreno no Jardim 25 de Agosto destinado à construção de um estádio de futebol. Inaugurado em 1954 com o nome de Estádio Municipal, a atual Vila Olímpica foi logo batizada de “maracananzinho” de Caxias e como boa parte da cidade só receberia iluminação na década de 70.

Sua inauguração consolidava uma tradição: a paixão futebolística dos caxienses. Paixão representada pelas diversas agremiações identificadas na pesquisa de Diego Lúcio Vilela, O futebol em Duque de Caxias na década de 1950. Ele nos apresenta o Belém que tinha seu campo na área ocupada pelo SESI; o Esporte Clube Gramacho, o Vasquinho do Bar dos Cavaleiros, o Itapemirim, o Leopoldina Futebol Clube, o Veteranos, o Ferroviários e o Esporte Clube Vila São Luiz que teve seu campo transformado na Praça da Apoteose.

Eram famosas as partidas nos campos do Tricolor e da Manufatura de Tecidos no Centenário, do Cinco de Maio, no Engenho do Porto, do Esporte Clube São Bento ou mais recentemente no Arnão, este ainda em atividade.

No primeiro distrito de Caxias as acirradas disputas eram organizadas pela Liga de Desportos de Duque de Caxias, criada em 1945 e, no terceiro distrito da cidade pela Associação Desportiva de Saracuruna mais relacionadas aos clubes de Magé e que contava com as equipes como o Americano, o Expressinho, o Urussaí, o Coimbra, o São Jorge, o Nacional, o Belmonte, o Primavera, o Marilândia, o Aliados, o Campos Elíseos, o Parada Santa Lucia, o Jaguaré, o Imbariê, o Bongaba e o Independente.

Nesta década o tetracampeão foi o Vila São Luiz seguido pelo Esporte Clube Gramacho com um título. Muitos creditavam os campeonatos conquistados pelo Vila a ajudinha providencial que recebiam dos árbitros, à vitalidade e paixão de seus torcedores ou, ao que é mais provável, à qualidade de seus jogadores.

Independente das conquistas destes clubes, à beira dos campos ocorriam frequentes enfrentamentos entre as torcidas, excursões feitas por trem, ônibus ou na caçamba de caminhões. Também acontecia circulação entre os bairros da cidade e o início de muitos amores que começaram como paixão de torcedor, mas que após furtivos e trocas de bilhetes terminaram em casamentos ou provocaram separações.

Era comum ao final das contendas as festas regadas à cerveja, com o acompanhamento de um bom samba e de uma farta mesa onde se fazia contato para um novo emprego, dica de uma nova moradia ou mesmo facilidades para consolidação de negócios.

A tradição deste esporte mantém-se forte na cidade mas dentro das gramas sintéticas que já não mobilizam tantas paixões, nas reuniões em bares e padarias onde os jogadores eventuais contam de forma exagerada suas façanhas e se reúnem para acompanhar os jogos oficiais e se divertem com as brincadeiras entre torcedores de clubes rivais.

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Contato: alxmarques@ig.com.br


Alexandre Marques

Alexandre Marques é professor de História. Contato: alxmarques@ig.com.br

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