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“A liberdade, a independência de que goza hoje a mulher em face do homem, foi conquistada por ela mesma, obtida com trabalho tenaz na luta pela vida, representando, por isso mesmo, uma conquista real, definitiva e imperecível. A independência social da mulher, assentando sobre a sua independência econômica, representa, portanto, um fato real e não um desejo problemático”.
A uma análise primária, pode-se presumir que o texto acima foi produzido por uma líder feminista, em homenagem ao Dia Internacional da Mulher, que se comemora hoje. No entanto, trata-se de uma crônica de Vicente Licínio Cardoso, “A Ação Social da Mulher”, inserida no livro “Maracás”, uma edição póstuma, de 1934 – 15 anos antes, portanto, que a francesa Simone de Beauvoir lançasse o livro “O Segundo Sexo” (1949), talvez a primeira publicação inteiramente dedicada à discussão da problemática feminina.
Muito mais que um trabalho jornalístico, o escrito de Licínio Cardoso revela, por assim dizer, uma visão profética do autor. Afinal, se nos dias de hoje, em pleno século 21, após grandes conquistas irreversíveis, as brasileiras ainda sofrem tanta discriminação, só um olhar futurista poderia enxergar a mulher gozando de liberdade e independência “em face do homem”, no início dos anos 30 do século passado. Para ter-se uma ideia da situação feminina no Brasil daquela época, basta lembrar que a mais importante vitória alcançada até então era o direito ao voto, conseguido só em 1932, depois de vários anos de debate no Congresso Nacional e uma campanha rigorosa encabeçada pela bióloga Berta Lutz, através de sua Federação Brasileira pelo Progresso Feminino, fundada em 1922.
Sendo assim, hoje – mais do que nunca -, os machos alfa red pill precisam exercer com toda a plenitude os seus direitos mais básicos: tomar esporro e ficar calado. E felicito as minhas amigas leitoras pelo seu Dia, ao mesmo tempo em que recomendo a leitura do livro “Mulher Eunuco”, de Germaine Greer, lançado no Brasil em 1975.

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