Oficina de Segurança Cidadã e mapeamento #BaixadaVIVA

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Com a tarefa de levantar propostas para a superação da violência na região com as maiores taxas de homicídios no estado do Rio de janeiro, em especial a violência contra a Juventude Negra, foi realizada a oficina de Segurança Cidadã na Baixada Fluminense. A oficina aconteceu no dia 24 de maio, na UERJ/FEBF, e marca a criação do Núcleo de Segurança Cidadã da Casa Fluminense.

A oficina foi coordenada por Dudu do Morro Agudo e Henrique Silveira e se dividiu em dois momentos. Primeiro uma apresentação do Programa Juventude VIVA pelo Artur Sinimbu, Especialista em Políticas Públicas e Gestão Governamental da SEPPIR, via Skype. “O Plano Juventude Viva constitui uma oportunidade histórica para enfrentar a violência, problematizando a sua banalização e a necessidade de promoção dos direitos da juventude. Além das ações voltadas para o fortalecimento da trajetória dos jovens e transformação dos territórios, o Plano busca promover os valores da igualdade e da não discriminação, o enfrentamento ao racismo e ao preconceito geracional, que contribuem com os altos índices de mortalidade da juventude negra brasileira”. Infelizmente por problemas de banda larga, a transmissão foi encerrada no início da apresentação.

Em seguida, José Marcelo Zacchi apresentou um panorama sobre a segurança pública no Rio e os desafios da segurança Cidadã. “O Estado do Rio conseguiu diminuir sua taxa de homicídios de cerca de 40 mortes por 100.000 habitantes ao ano para 26. A instalação das Unidades de Polícia Pacificadora (UPP) representa um avanço, pois deslocou a lógica do confronto com a favela para uma ação de proximidade, prezando pela segurança do território e seus moradores”. No entanto, os problemas persistem, pois a redução média esconde dinâmicas muito distintas de acordo com os territórios. A instalação da UPPs nas áreas centrais da capital mantém em segundo plano as atenções à maior parte do território e da população da metrópole, e às regiões onde se concentram as maiores taxas de homicídio do Estado hoje, e onde elas vêm recentemente crescendo, em especial a Baixada Fluminense. Na sua conclusão José Marcelo afirmou que “uma política de segurança efetiva somente é possível com uma forte articulação entre a sociedade civil e o poder público, através da garantia de direitos e do fortalecimento democrático dos territórios.”

Na segunda parte da oficina, Dudu e Henrique levantaram duas perguntas para o público: Como mobilizar o governo e a sociedade civil para questão da violência contra a Juventude Negra? Como mapear os territórios com maior vulnerabilidade social para a juventude negra?

Mauro Amoroso, professor da FEBF, Falou sobre a naturalização da violência policial pela população. “As pessoas acham que é normal um policial efetuar disparos contra traficantes em frente a escola. É necessário reconstruir nossa visão sobre a violência”, disse Mauro.

Priscila Oliveira, moradora de Belford Roxo e estudante da FGV, falou sobre a importância do diálogo com a juventude, principal vítima da violência. “Precisamos chegar nesse jovem e descobrir o que ele quer”, disse Priscila. “Reconhecer as diferenças, construir uma visão compartilhada de futuro e apoiar trajetórias de estudo e trabalho são componentes importantes na construção dos vínculos com essa juventude”, completou Henrique Silveira.

Sobre a proposta de mapeamento, Wellington Conceição, falou do mapa afetivo, uma estratégia utilizada na Agência de Redes para a Juventude. “Pedíamos para os jovens mapear os locais onde eles se divertiam. Isso aumenta o conhecimento e o vínculo do jovem com o território”, disse Wellington.

O professor Antonio, diretor da Biblioteca Leonel Brizola, falou sobre a transformação negativa que o bairro Cangulo está sofrendo. “Nosso bairro nunca viveu uma situação tão violenta. Os traficantes que migraram do Rio de Janeiro transformaram o cotidiano dos moradores e o confronto entre traficantes de facções rivais tomou uma proporção que não existia no bairro.” Ao final, Antonio convidou a Casa Fluminense para realizar atividades nos bairros mais distantes. “Não basta realizar reuniões somente no centro de Caxias. Temos que ir para o 2° e 3° distrito discutir com os moradores que sofrem diariamente com a violência”, concluiu.

Em seguida, Dudu falou que o Enraizados realizará Ações Culturais em Nova Iguaçu para mobilizar os jovens e iniciar o mapeamento das comunidades com maior vulnerabilidade social. “O Enraizados já trabalha com arte, rap, dança e grafiti. Levaremos essas e outras ações para envolver os jovens nas ações do Programa Juventude VIVA”. O Enraizados está desenvolvendo em parceria com a Casa Fluminense uma metodologia para mapear os territórios e seus equipamentos públicos. “Queremos produzir informações sobre os territórios, levantar as demandas da juventude e discutir com o governo quais serão as ações desenvolvidas pelo Programa Juventude VIVA em Nova Iguaçu”, concluiu o Dudu.

Finalizando a atividade, Henrique falou sobre os próximos passos do Núcleo de Segurança Cidadã e os desdobramentos da oficina. “Temos duas coisas para fazer: primeiro precisamos montar um mapa dos bairros com as mais maiores taxas de homicídios, por município, da Baixada Fluminense. Precisamos identificar o TOP 10 dos bairros mais violentos e perigosos para a Juventude Negra. Para essa tarefa a Casa Fluminense vai articular com instituições parceiras que podem produzir essas informações”. A segunda ação é o mapeamento #BaixadaVIVA, uma série de crônicas e reportagens sobre esses bairros. “As crônicas sobre os bairros de D. de Caxias serão publicadas no site lurdinha.org e as crônicas de Nova Iguaçu serão publicadas no site enraizados.com.br. Essas reportagens podem ser produzidas por qualquer pessoa e quem quiser postar nesses sites é só entrar em contato com a gente. Também pode publicar em outros sites, mas é importante que as reportagens possuam a hastag #BaixadaVIVA para identificar que fazem parte do mapeamento”, concluiu Henrique.

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Oficina de Segurança Cidadã e mapeamento #BaixadaVIVA
Dudu de Morro Agudo e Henrique Silveira dinamizando a Oficina de Segurança Cidadã e mapeamento #BaixadaVIVA – Auditório da Febf/Uerf

2 thoughts on “Oficina de Segurança Cidadã e mapeamento #BaixadaVIVA

  1. Como pode um debate dessa importância ter uma parte amputada por problema de conexão? Como podemos em plena divulgação da 4ª Geração estarmos lutando para ter Banda Larga de qualidade? Como pode em tempos de velocidades na proporção de 150mbps e as operadoras entregando 50kbps, quando no inicio da internet tínhamos 56kbps!!!

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