O MUNDO DAS METÁFORAS LITERAIS n°1: SABER-SENTIR
Sempre soubemos que a paciência era a nossa maior vitória. Nunca imaginamos que a tecnologia alcançada com a escravidão de muitos de nossos irmãos seria a nossa redenção e o nosso caminho de volta. Desde sempre temos existido, seja naquele que se revolta contra o extermínio de sua aldeia, naquele que leva uma surra de um policial em becos desta pobreza universal e padronizada, ou nos indignados que sabem que vivem sob a sola de Estados e de corporações opressores.
Desde que os invasores chegaram aqui, a gangorra vai de encontro ao nosso lado e esmaga nossos pescoços. Miram em nossos corpos e em nossos objetos. O que eles não sabem é que nossas cabeças continuam equilibradas em cima de nossos pescoços. O mundo, para nós, sempre foi refeito de dentro para fora. Nunca houve protocolo. O que para os invasores parece a novidade metafísica do momento, para nós existe desde sempre. Nossos xamãs acessam outros mundos e trocam insumos para que este mundo exista em equilíbrio. Mas eles não têm o monopólio do acesso, somente sabem-sentem como fazê-lo.
Desde o “incidente dos P25”, os ratos entenderam que suas tocas não são mais completamente seguras somente com seus capangas oficiais e assessores de imprensa cínicos. Os Ministérios da Brutalidade e o da Mentira são inúteis contra o nosso saber-sentir.
P25 são rádios das forças de repressão facilmente traváveis. Juntamente com uma rede de colaboradores conseguimos interceptá-los e fazermos escutas. Com as informações vazadas por ali, e por outros meios, montamos uma ação direta contra o Estado e a Imprensa. O momento político era bastante oportuno. Imprensa e Estado mexiam juntos suas peças para manterem mais um genocida na presidência. Às pressas, prepararam um flagrante contra o principal opositor, que também era um rato, mas servia, no momento, a outros senhores. Haviam recebido uma denúncia de que este opositor mantinha uma refinaria de drogas em um determinado endereço. Suas visitas seriam frequentes ao local e um flagrante ao vivo era tudo que Imprensa e Estado gostariam para acabarem com a sua carreira política. Armaram o circo. Só não contavam que ali, na verdade, era onde o candidato preferido deles, atual presidente, fazia suas orgias com menores. Mapeamos por 2 anos suas redes de relações. 50 pessoas-chave foram nossos semi-avatares. Tínhamos o controle de seus e-mails, conversas e redes sociais. Os colaboradores infiltrados faziam a contenção e sustentavam versões verossímeis dentro do aparelho. Derrubamos um presidente sem darmos um tiro. Mostramos ao vivo a psicopatia inerente do poder. Implodimos o sistema de dentro para fora.
Parece, no entanto, que isso não foi o bastante. Colocaram outro bandido em seu lugar. Um antigo senador maranhense, que babava e exalava podridão. Contra esse foi mais fácil. Invadimos seu marca-passo, que monitorava em tempo real seu estado de saúde e mandava relatórios detalhados para uma junta de um hospital particular que somente a exploração de milhares poderia pagar. Acionamos o código durante seu discurso de posse ao vivo em rede nacional. Sempre soubemos que um dia entraríamos nos corações dos políticos… de um jeito ou de outro.
Continua…