Silvia de Mendonça

A saída é uma cidade sustentável com participação popular – O meio ambiente resiste e está fazendo a sua parte

Parece que a novela do shopping center, no coração de Duque de Caxias, vai ser recomeçar

Duque de Caxias é a maior cidade da Baixada Fluminense, com mais de 800 mil habitantes. Na Avenida Leonel de Moura Brizola, uma das principais vias que cruza o centro da cidade, a poucos metros de trens, perto do terminal rodoviário e na confluência das grandes e populosas calçadas de pedestres uma grande empresa volta para querer construir um shopping numa área que sofre com a ausência de planejamento urbano e que afeta a qualidade de vida dos munícipes.

Em 2014, a empresa ALB Shopping iniciou o projeto de construir no centro o Central Park Caxias, um empreendimento audacioso para um espaço que agoniza com a falta de infraestrutura. Ninguém é contra o progresso, desenvolvimento, geração de emprego e renda, mas a construção de um shopping naquela área começou trazendo sérios problemas com a destruição do último pulmão verde do centro do município, causando danos graves ao meio ambiente.

Agregado a esse cenário verde, vizinho da Catedral de Santo Antônio, quase colocaram por terra a história da Escola Municipal Dr. Álvaro Alberto, fundada em 1921, com o nome de Escola Regional Merity, única instituição escolar da região na época, projeto pioneiro de educação montessoriana no Brasil, trazendo a ideia de Escola Nova e a primeira a oferecer merenda escolar: “mate com angu”. A Escola hoje foi tombada através de legislação municipal.

Na época surgiu o FORAS (Fórum de Oposição e Resistência ao Shopping), formado por sindicatos, ONGs, associações de moradores, a Diocese de Duque de Caxias e São João de Meriti, outras religiões e segmentos diversos da sociedade duquecaxiense.

A partir do conhecimento de todo o processo de construção do shopping, o Foras protocolou pedido de audiência pública ao poder executivo local evidenciando sérios problemas com danos ambientais que seriam causados com o projeto, solicitaram também o tombamento da Escola Municipal Dr. Álvaro Alberto. Um shopping naquele local acarretaria impactos na vizinhança, trazendo consequências no já caótico trânsito local, problemas com saneamento básico, como falta de água, além de comprometer a única área verde local. A defesa era de um Parque Natural e que os empreendedores procurassem outra área, sem ter que devastar uma área arborizada. Mas nada disso aconteceu e a empresa responsável pela construção do shopping derrubou cerca de 167 árvores centenárias.

Na gestão do então prefeito Zito, anos depois no comando de Alexandre Cardoso foi autorizado o licenciamento do projeto “Central Park Caxias”, mesmo com toda a movimentação da sociedade civil organizada, que solicitou documentos, licenciamentos ambientais e pareceres, sem sucesso. Foram coletadas mais de 6 mil assinaturas, representações junto ao Ministério Público Federal e Legislativos Municipal e Estadual. O caso foi aparar até na Delegacia local.

A empresa responsável pelo projeto previu a construção de um complexo com duas torres comerciais com seis andares cada uma, um hotel e estacionamento. O recurso previsto na época foi de 220 milhões de reais.

Por Sílvia de Mendonça


Sílvia de Mendonça

Formada em jornalismo e produção cultural, Sílvia de Mendonça também é atriz e ativista do Movimento Negro Unificado (MNU). Também tem presença nas lutas contra intolerância religiosa, juventude negra e direitos humanos.

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