Duque de Caxias, o maior importador da baixada fluminense

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Ahhhh, Duque de Caxias !!!!!! Como tenho pena de ti, minha cidade querida por onde tanto caminhei, onde tanto sonhei e onde construí minhas histórias de criança, de adolescente, de jovem e, agora, de senhor a caminho da descida do outro lado da escada da vida. Conheci tantos artistas aqui ( e daqui ), muitos que continuaram na terra querida, outros atravessaram fronteiras sendo reconhecidos em terras distantes, mas nenhum teve o reconhecimento no pedaço de chão que tanto amaram. Me lembro dos papos no velho “Pé Sujo”, das noites de muitas “conspirações” culturais nos gramados da antiga praça Roberto Silveira, das cervejadas nas noites sempre muito bem frequentadas do “Bernardino” (Bar dos Correios), do amanhecer de muitos dias no “Bar do Riva (Gordo)” lá em baixo, em frente à garagem da União, com sua maravilhosa sopa que revigorava a todos nós, andarilhos noturnos e verdadeiros apaixonados por essa linda menina hoje tão maltratada e violentada chamada Duque de Caxias, das conversas demoradas e sempre muito interessantes no Bar Alvarenga, do grande amigo Zé Luis. Quando a “cultura dos pasteis” invadiu e violentou nossa namorada, nos restou um dos poucos focos de resistência que é o “Mira Serra”. Alí, fizemos muitos planos coletivos de cultura, alguns foram iniciados, mas poucos pegaram estrada.

Saudades do “Projeto Dobradinha”, da UAIB (União dos Artistas Independentes da Baixada), muitas saudades de Stélio Lacerda, único e verdadeiro Secretário de Cultura que nossa cidade já teve, era da terra, conhecia-a como poucos e como poucos sofreu por ela. Saudades de Barbosa Leite, de Velho Ismael, de Araken Álvaro – o morador do município do RJ mais caxiense que já conheci – Saudades de João de Deus , Saudades de Paulo Renato. Tantos outros daquela época continuam por aí, graças a Deus; Marcos Bonfim, Elaine Caldas, poetisa, esposa do Araken Álvaro e grande amiga, Paullo Ramos, Manoel Pedro Ribeiro Ribeiro, Canthydio, Lena Antelo, Chiquinho Maciel, Beto Gaspari, Newton Menezes, Luiz Sebastião , Inês Fabres, Maria Marques, Vicente Portella, Eldemar Souza, Marcelinho Ferreira, Bodhar Bodart, Renato Gralha Araújo, Sergio Machado, Sergio Meireles, Paulinho Balthazar, pessoal do Grupo Nosso Canto, Bira da Vila, Josué Cardoso, Cássia Cardoso, LU Araújo, Nelsinho Pacheco Pimenta, Mauricio Menezes, Lelo Alves, Lan, Jorge Cão, Toninho Primavera, Carlinhos Lima e tantos outros mais recentes que prefiro não citar para não correr o risco de cometer injustiça.

Tamanha foi a ingratidão por esses caxienses, que quando inauguraram o surpreendente e imprevisível Teatro Raul Cortez, deram-lhe o nome de um um senhor que, se solto na Praça do Pacificador, não saberia, sozinho, tomar o rumo de sua casa!!! Fico imaginando como seria emocionante olhar par o “Chapéu do Papa” e ver escrito na sua frente: TEATRO BARBOSA LEITE, ou então TEATRO STÉLIO LACERDA, ou ainda TEATRO VELHO ISMAEL, quem sabe TEATRO JOÃO DE DEUS, que maravilhosa homenagem seria TEATRO PAULO RENATO !!!!

Mas não, a febre de importação era muito forte e ardia muito. Acometidos por essa febre e continuando a mania de importações, deram cargos de “Secretários de Cultura” para forasteiros como Ana Maria do Nascimento e Silva, uma globete de além túnel, e mais recentemente, um senhor com nome de salvador, mas que até agora não disse ao que veio. Temos ao nosso redor, municípios tão mais jovens que o nosso dando banho de administração cultural. Tem um que, com apenas quinze anos de vida, já está virando cambalhotas culturais monumentais, a diferença, é que quem está no comando é gente que cresceu no seu solo, viveu sua vida e aprendeu com suas lições. Mas nós, ahhh !!!!! pobres de nós !!!! Quem poderá nos proteger ????!!!!


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