Ultimamente, todas e todos, que tentam analisar a conjuntura, ou seja, a realidade brasileira sente-se perplexo, quem tenta entender o momento atual que vivemos percebe a complicação das questões, um exemplo disso foi à greve dos caminhoneiros ou seria locaute? Veio da indignação de uma categoria precarizada ou dos interesses de patrões? Houve manifestantes pedindo intervenção militar. Como explicar? É difícil ter nitidez em meio ao nosso cenário. Já observou uma conversa no ônibus? No bar? Quantas delas têm uma linha de raciocínio? Tentativas de sínteses? Encontrar um projeto de sociedade em comum e transformar o mundo, é algo mais utópico ainda, nos sentimos impotentes. Ando pensando o porquê disso e chegando a alguns apontamentos que gostaria de apresentar nesse texto.

Os seres humanos são sujeitos históricos e como tal está o tempo todo tomando decisões e modificando o mundo ao nosso redor, fazemos essas duas coisas cotidianamente. Diferente dos animais que fazem por instinto, nós podemos imaginar o que faremos, com intenções e propósitos.

O Brasil é um país gigantesco geograficamente, com uma profunda desigualdade econômica, misturadas com as diferenças raciais e entre homens e mulheres. Somos um povo que trabalha muito e sofre mais ainda, com um baixo acesso à educação e uma educação precária. Nossas análises de mundo parte da experiência prática, temos geralmente pouco tempo para teorizar, elaborar, pensar sobre o que vivemos.

E onde essas experiências são vividas? Atualmente, segundo o IBGE, para maioria dos brasileiros nas cidades. Cidades são construções humanas e desde os anos 60 com a lógica do capitalismo temos um processo de urbanização cada vez mais acelerado no Brasil, cidades maiores. Nas metrópoles nos sentimos muito pequenos diante dos prédios, dos carros, dos ônibus. No meio da multidão, quem somos nós? Aí começa o sentimento de impotência. Tudo está tão rápido e queremos tudo pra já, a metrópole e a tecnologia modificaram nossa percepção sobre o tempo, mas é dentro do espaço e do tempo que a história é feita pelo sujeito. Com pouca ou nenhuma reflexão sobre suas atitudes, ou seja, conteúdos teóricos sem ter noção de qual lente avaliam o mundo, será a lente do machismo, racismo? Do dinheiro? Será a lente da “minha cultura”? Sem esses critérios, a minha experiência prática me torna um autorreferencial e parâmetros para avaliar o outro. Mas que outro é esse? É o próximo? Ele está cada vez mais distante. Na cidade grande é cada um por si e Deus por todos. Com o neoliberalismo, o individualismo prevalece nesta geração. As praças são substituídas pelos “shoppings”, não há necessidade de espaços de encontros. O UBER é melhor que o transporte coletivo. A minha casa é minha vida, ao invés da cerca de madeira, na “minha casa é minha vida” temos muros altos para nos separar um do outro. Já não existe a cidadezinha com sua identidade como um todo, foi substituída pela metrópole que é antagônica a aldeia. O coletivo foi perdendo força. O mal e o castigo já não sobrevêm sobre todos, já não é indiscriminado, agora o território é divido e alguns criminalizados, o pau que bate em Chico bate mais em Francisco, o morador de rua não é minha responsabilidade, a criança do vizinho não é dá minha conta. E a natureza? Essa já foi deixada para trás por esta lógica de desenvolvimento. Nunca a humanidade viveu as mesmas experiências, pois, uma mesma experiência, se sente, toca e atravessa cada pessoa de forma diferente. Sendo assim, como construir um olhar em comum? Como construir pontes que liguem realidades? Mudar de opinião, nem pensar? Como encontrar a unidade na diversidade? Como alinhar expectativas? Sem espaços de buscas de conclusões em comum, as análises sobre a realidade ficam para serem tiradas exclusivamente da minha cabeça, é minha opinião e ponto. Assim ficamos fragmentados.


Wesley Teixeira

Sou jovem, negro e morador do Morro do Sapo, em Duque de Caxias, Coordeno o Pré-Vestibular Popular +Nos e organizo a Roda Cultural do Centenário, sou membro da Igreja Evangélica Projeto Além do Nosso Olhar, estudei no Colégio Estadual Irineu Marinho e fui Coordenador Geral da União dos Estudantes de Duque de Caxias.

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1 thought on “Em comum – Caminhos do Ser

  1. A comecar temos que respeitar a constituicao e nao dexar os milicianos no poder fazer o que bem querem e entendem em beneficio da elite do atrazo. Entender que os eeuu sempre consideraram a America Latina como o seu quintal e provedor de recursos naturais, comprando e agora financializando toda a economia mundial. Eles mata, roubam, destroi, usam as elites e classe media rentista pra fazer isso e pior.
    Nos pretas e pretos somos um impecilho ao numero de pessoas que a elite internacional quer viva. Pra essa elite somo consumidores dos recursos naturais que restam a fim de que eles possam viver com seus dependentes numa boa.
    O numero de pensionistas dos eua na America latina que vieram em busca de uma vida melhor que nos eua esta crescendo assutadoramente. O numero de bunkers de sobrevivencia dos mais ricos tambem.
    Voce e os missionarios do ser que voces chamam de Jeus, estam contribuindo pra essa desgrca.
    Se estamos vivendo os capitulos finais da revelacao, pra que se candidatar pra vereador, prefeito, etc?
    Ou voces acreditam que os cavaleiros estam soprnado os trmpetes do fim dos tempos ou voces sao todos hipocritas.

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