A memória, história e a pesquisa da Baixada Fluminense está de luto. No último sábado (15/02) nos deixou o professor Gênesis Pereira Torres, aos 76 anos de idade. Nascido em Divino – MG, Gênesis conhecia profundamente questões geográficas, geológicas, políticas, econômicas, agrícolas da Baixada Fluminense. Um mineiro, que se apaixonou pela nossa região e ajudou vários historiadores com pesquisas sobre a Baixada, e, por ser um dos principais conhecedores, era consultado por todos. Não existe um livro, artigo ou TCC sobre nossa região que não tenha nas referências bibliográficas, uma citação do mestre.

Formado em História pela UFF, bacharel em Direito pela Unigranrio e pós-graduado em Arqueologia pela Faculdade Redentor, Gênesis também publicou diversos artigos, poesias, pesquisas e livros. No jornal O Dia, foram 165 domingos, abordando política, economia, sociedade, patrimônio, cultura e outros assuntos sobre a Baixada. Dos livros, destacam-se: “Fragmentos Poéticos de Alberto Jeremias”, “Em Busca de Memórias, Baixada Fluminense – A Construção de Uma História – Sociedade Economia e Política”, “Nossa vida, nessa História Memória e Patrimônio, sobre a Escola Paul Jean Guerry e os bairros de Portugal Pequeno, Vila União, Tomazinho, Gato Preto, São Mateus” e “Vila de Iguassú: Uma importância atribuída?”.

Gênesis teve uma vida dividida entre a sala de aula e a militância no movimento social, político, cultural e do voluntariado, principalmente em São João de Meriti onde presidiu a Associação de Moradores do Parque Tietê, a Federação das Associações de Moradores de São João de Meriti, o Instituto de Pesquisas e Análises Históricas e de Ciências Sociais da Baixada Fluminense (IPAHB), da qual é fundador, a Academia de Letras e Artes de São João de Meriti, o Fórum Cultural da Baixada Fluminense e o Lions Clube de São João de Meriti e de Nilópolis-Olinda.

Nos anos 80, foi Chefe de Gabinete e Secretário de Educação do prefeito José Cláudio da Silva, Vereador por dois mandatos, responsável por relatar a Lei Orgânica de São João e por fim, fundador e o primeiro Secretário de Cultura da cidade. Na sala de aula, esteve nos colégios São Jorge, Guadalajara, Vera Cruz, Castelo Branco, Santo Antônio, Tinoco, Marechal Mallet e Helena de Aguiar, entre outros, sempre em Duque de Caxias e Meriti. Além disso, coordenou os cursos de História da Baixada Fluminense, promovido pelo IPAHB na UERJ/FEBEF e o de Arqueologia na Faculdade Redentor.

Por sua biografia, recebeu em 2017 a Medalha Tiradentes, maior honraria oferecida pelo Poder Legislativo Fluminense. Gênesis é uma perda imensa, era daqueles que no alto do nosso egoísmo, achamos que não tinha o direito de morrer. Estar com ele era beber horas de conhecimento sobre nossa região, sem enjoar. Gênesis, é mais um professor que morre sem receber seu salário, que era seu direito, como diversos outros aposentados de São João de Meriti que estão há 8 meses com seus proventos atrasados. Até quando? Sua contribuição e enorme acervo deve tornar-se público para que seu legado não se perca. Viva o mestre Gênesis Torres!

 


Marroni Alves

Filho da escola pública e de pernambucanos. Nascido no Hospital Duque, mas sempre no Hospital Infantil. Formado em História na FEUDUC, dou aula em pré-vestibular comunitário na Vila Ideal, Jardim Gramacho, Complexo da Mangueirinha e Xerem.

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