A primeira aparição de Charles Chaplin na tela do cinema, já com seu visual desengonçado que ficou conhecido como Carlitos, retratando desde o vagabundo ao ditador, passando pelo romântico e o operário, fazia ao seu modo um relato da sociedade de sua época. Sem dizer uma só palavra as imagens projetadas diziam muito e com seu jeitinho especial ele levava a plateia ao delírio.
Hoje, comemora-se o centenário da primeira exibição daquele que se tornou o grande símbolo do cinema. Muito coisa mudou com relação da sétima arte, a indústria cinematográfica se expandiu agregando sempre muita tecnologia, e muitos acreditavam que esse universo não era para todos.

Esse papo é furado para quem tem um sonho na cabeça e a perseverança nos pés.
O Cinema Novo nos anos 50 trouxe uma nova perspectiva para o cinema brasileiro, revolucionando o conteúdo das produções audiovisuais. Tivemos um período obscuro na década de 60 que impactou a cultura, e consequentemente o cinema brasileira, reflexo de toda a escuridão presente no cenário político. Após o processo de democratização faltavam as salas de projeção, principalmente na periferia, que foram sendo sucumbidas. Nem vou entrar nesse mérito.
Agora é a Baixada Fluminense que vem trazendo novo gás, novas visões e dimensões para a sétima arte. O Cine Odeon, referência na era auge dos cinemas na Cinelândia, e hoje muito mais que uma sala de exibição de filmes, considerado um espaço agregador cultural, recebeu em 2013 o Mate com Angu. Esse ano foi a vez do Buraco do Getúlio marcar presença lá.
Em 2013, o Donana recebeu o Festival Globale Rio. E em janeiro foi a vez do Cinema de Guerrilha da Baixada firmar seu ponto, agregando como os outros, oficinas e música na/da Baixada.
Do cinema mudo à voz daqueles que têm muito a falar, e não encontravam o canal para delatar, denunciar as injustiças, e também para retratar, divulgar a riqueza, o belo, a vitalidade de histórias, de pessoas e lugares.

Mas muito mais visíveis são as precariedades, as mazelas, a desordem. E quem disse que a desordem é sempre ruim? Segundo a teoria do caos, desordem gera uma nova ordem, e é aí que essa galera da Baixada entra, viabilizando, projetando, informando, usando o audiovisual como ferramenta de comunicação.
A vanguarda dessa agitação cabe ao Mate com Angu, que no despontar do novo milênio seguiu, com amor e liberdade a concepção de que com “uma câmera na mão e uma ideia na cabeça” pode-se fazer cinema na periferia.

E assim nasceu o cineclube de Caxias, que mais parece um movimento cultural. Parafraseando o que Lenine disse do Manguebeat, o Mate não é um movimento pelo conceito, é uma movimentação, e isso é muito diferente.

Por quê? Porque não houve uma unidade estética para juntar esse grupo que movimenta o cinema na Baixada Fluminense.
E o que dizer das festas? Bom, isso só mesmo indo nas sessões para poder ouvir, ver, sentir, perceber e conceber o que essa galera é capaz de fazer.
Um abraço virtual para essa galera que faz a diferença rs


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