Pitacolândia: a pergunta oportuna – onde é o ralo?

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A recente cachoeira de escândalos de corrupção que assolam o país não chega a ser exatamente uma novidade, mas têm trazido um elemento novo e explosivo que é a difusão bombástica das notícias via redes sociais. O nível grande de pressão que isso tem desencadeado está para ser posto à prova e a sociedade espera que dê resultados diferentes do que os habituais…

Mas quando se olha esse furacão levando Duque de Caxias aos principais noticiários do país é preciso deixar pontuada uma coisa muito importante e que pode representar uma oportunidade histórica perdida.

Quem é próximo das esferas do poder e quem luta o combate árduo por transparência e cidadania sabe que o bagulho é doido nas atividades da politicalha. A despeito dos discursos vazios, dos puxa-sacos de sempre e das maquiagens publicitárias, na verdade todo mundo sabe que as práticas de corrupção têm um generoso passado histórico e são tidas pelos políticos profissionais como “coisas normais da atividade”. É triste, mas é a verdade.

A partir disso é simples perceber que ninguém quer largar o osso tão facilmente e no caso de “dar ruim” generalizado, o sistema tende a queimar alguém para satisfazer a opinião pública e tudo ficar como sempre foi/é. Esse é um risco que infelizmente é rotineiro e pode vir a acontecer no momento.

Mas a oportunidade referida é que esse é o momento histórico ideal para popularizar ao extremo as perguntas básicas nunca respondidas pelas autoridades locais nas últimas décadas: ONDE É O RALO? ONDE É O DRENO DO DINHEIRO PÚBLICO DE CAXIAS?
É preciso apurar todas as denúncias, obviamente. E que se pressione para que haja investigação rigorosa e punição exemplar. Sim, é o mínimo e o esperado.

Mas não dá para fazer com que esse clima das denúncias desvie o foco de que a cidade é uma das mais ricas da América Latina há décadas; e descobrir para onde foi e para onde vai toda essa dinheirama faz parte da tarefa vital para se pensar uma cidade mais humana e com qualidade de vida para sua população. Pelo menos o mínimo que seja e não o atraso catastrófico que vemos.

Ou seja: vamos combinar que os (supostos?) superfaturamentos de hoje são uma grana bem grandinha, mas que são apenas merreca se pensarmos que há muuuuitos anos o dinheiro da cidade vai parar em algum lugar misterioso e que provavelmente tenha se transmutado em muita vida de nababo por aí. Se o foco ficar só nesses casos recentes, qualquer solução que vier pode enevoar a séria e premente questão de rumo desse trem.

Duque de Caxias: o momento é agora. Ou então manda fechar logo tudo e chama-se algum popstar tipo Fernandinho Beira-Mar para assumir de vez essa joça.

 


heraldo hb

. Animador cultural, escritor e produtor audiovisual nascido no século XX. .

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