Um dos problemas que mais afeta boa parte da população da cidade de Duque de Caxias ainda é a falta d’água potável. É comum verificarmos em vários bairros centrais da cidade como a Vila São Luiz,o Jardim 25 de agosto e o Parque Lafayete, e em outros próximos às cachoeiras de Xerém e da Taquara, a permanência de poços artesianos para abastecimento das residências. É visível, na região do Amapá, a tubulação que garante o abastecimento de água da cidade do Rio de Janeiro.

Em 1888, a profunda seca ocorrida na Floresta da Tijuca obrigou o Imperador D. Pedro II a tomar algumas medidas para resolver o problema da falta d’água. Por estar próxima à Serra do Mar e por possuir diversos mananciais, a Baixada Fluminense foi alvo destas medidas. Na cidade de Duque de Caxias as áreas mais atingidas foram a Fazenda do Tinguá, Fazenda da Posse e as terras do Cônego Galrão, onde, mais recentemente, instalou-se a Represa da CEDAE.

A principio, bem antes da instalação da atual tubulação, a água chegava ao Rio de Janeiro, através dos vagões de trem que deslizavam pelas estradas de ferro. Um dos ramais saía da antiga fazenda do Brejo, atual Belford Roxo, e chegava ao Lote XV. Dali, seguia até a Estação João Pinto, atual estrada do Amapá. Um outro ramal chegava a Xerém e se estendia até Iguaçu Velho, atual região de Tinguá. No meio da serra várias rios tiveram seus cursos alterados para o represamento de suas águas que, depois, eram colocadas nos vagões dos trens que se dirigiam à capital.

A captação de água na região da Mantiqueira contou com a mão-de-obra de aproximadamente 1500 homens que sofriam com a malária e a febre amarela que assolava a região. Destes cerca de 500 trabalhavam na Estação de João Pinto, aproximadamente 500 trabalhavam na canalização dos rios e o restante atuava nas represas da Mantiqueira, Garrão e Mato Grosso.

Os trabalhadores que atuaram na ampliação da malha ferroviária para a Baixada Fluminense e na construção de represas enfrentaram a fúria da natureza, os jacarés, a malária e a febre amarela que no final do século XIX e início do século XX assolavam a região. Como vemos água, estrada de ferro e morte de trabalhadores caminhavam juntos.

Após mais de um século as nascentes e cachoeiras de Xerém continuam abastecendo boa parte do Rio de Janeiro e, com uma tubulação especial, fornece o precioso líquido para resfriar as caldeiras da Refinaria Duque de Caxias. Curiosamente muitos bairros vizinhos à estas nascentes e cachoeiras continuam sem abastecimento d’água potável. A água preciosa tão perto e tão longe da população duquecaxiense. A criação de uma Agencia Municipal de Água diminuiria os problemas?

 

 

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Alexandre Marques

Alexandre Marques é professor de História. Contato: alxmarques@ig.com.br

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3 thoughts on “As Águas de Duque de Caxias

  1. É UMA PENA QUE DUQUE DE CAXIAS FOI DIVIDIDO DE NOVA IGUAÇU, EU PENSAVA QUE IRIA MELHORAR, ESTA CADA VEZ ABANDONADO PELO SEU PODER PÚBLICO.
    PRA QUE PODER PÚBLICO ELES SÓ TEM PODER PARA FERRA AS PESSOAS E NÃO FAZ NADA DE BOM PARA A POPULAÇÃO.
    QUANDO CHEGA NA ÉPOCA DA ELEIÇÃO FICAM IGUAL UNS CARNEIRINHOS PARA GANHAR VOTO E MUITO MAIS – ESSE É UM BRAZIL ATRASADO E PARADO NO TEMPO.- QUANDO SERÁ QUE A BAIXADA FLUMINENSE VAI MELHORA ( NUNCA)….FUI…SÓ DEUS SABE DE TODAS AS COISAS….

  2. Impressionante que querem fazer os caxienses acreditarem q são uns pobres coitados em uma terra ruim, quando na verdade há riquezas naturais como as águas desta reportagem que não são convertidas em benefício da própria população…

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